sexta-feira, abril 14

As pontes de mad country

Nem sempre é fácil perceber exactamente contra que é que a voz do povo se insurge. Há uma grande indignação com as faltas de deputados ao plenário de anteontem da AR. Ao mesmo tempo, o país está quase fechado para férias desde o meio da semana. Porque não hão-de os deputados agir à imagem do país? Eu acho que assim é que nos representam verdadeiramente. Se "metemos" férias por todos estes dias é porque não há nada assim tão urgente a fazer: o trabalho pode esperar. Alguém sabe o que é que havia assim de tão importante a tratar na AR? No site do Parlamento não encontrei a ordem de trabalhos. Como esta situação de "ponte" já era de prever, se houvesse assuntos prementes poderia ter-lhes sido dada prioridade em reuniões anteriores. Adiando, por exemplo, a comemoração do aniversário da constituição, em 6 de Abril, que apenas trouxe retórica ultra-previsível e interjeições pouco originais de apoio ("muito bem!") ou repúdio ("ohh!"), algumas hilariantes no contexto - com destaque para a deixa de Odete Santos: "Mais velhas ainda..." referindo-se à avó de Jerónimo de Sousa.

No fundo, os portugueses têm as pontes e as férias no coração. Não se percebe porque repudiam tão grande consonância de atitude por parte dos seus eleitos.

Por outro lado, atendendo ao enredo legislativo em que já estamos mergulhados, talvez até haja vantagem nestas paragens de vez em quando.

Parece que Cavaco Silva vai tomar posição sobre o assunto daqui a uns dias. Com certeza que o fará com mil cautelas, recordado do banimento de uma ponte carnavalesca que muito contribuiu para a sua queda em desgraça, noutros tempos.

1 comentário:

raiva disse...

Pontes, tudo bem. Abrandar o ritmo de produção destas leis, tudo bem. Mas ir assinar o ponto para ganhar o dia e baldar-se, já não é bem o q sucede com os outros funcionários...