quinta-feira, junho 26

De Espanha, hoje

UM: Será a notícia um balão de ensaio? A Monumental de Barcelona vai ser a maior mesquita da Europa. Terá um minarete com 300 metros de altura e capacidade para 40 mil pessoas. O financiamento vem do Qatar (pelo menos a nível intermédio) e ultrapassa os 2 mil milhões. A cultura sangrenta da tourada dá assim lugar a nova espiritualidade e nova cultura onde cabem as amputações e apedrejamentos a pessoas e a inspiração para fazer saltar pelos ares pequenas ou grandes aglomerações de gente.

DOIS: A ex-Infanta no banco dos réus? Pode até ser, mas sendo incerta a permanência da acusação de branqueio de dinheiro, muitos não acreditam. Apesar de tudo, o juiz Castro reabilitou pelo menos a imagem de uma Cristina-a-Tonta que não percebe nada do que se passa na própria casa nem das andanças em que se entretém o marido. No caso Nóos, os procuradores tinham-lhe feito o favor de fingir que a julgavam mentecapta.

TRÊS: Magdalena Álvarez renuncia finalmente ao lugar dourado no Banco Europeu de Investimentos, a fim de evitar a destituição que aí viria. Envolvida no lamacento caso dos EREs de Andaluzia e formalmente já indiciada, a Senhora Álvarez retira-se por agora com direito a um salário reduzida a cerca de 10 mil euros por mês até 2017, após o que terá de se contentar com uma pensão de 4000 euros, porque, coitada, só tem 4 anos de serviço. O que ela não poderia ainda amealhar até ao fim do mandato, se não tivesse tido esta pouca sorte. Com a arrogância usual dos corruptos, declara-se inocente e vítima de perseguição política.


domingo, junho 15

Enigmas, ou nem por isso

Em face das não tão surpreendentes notícias sobre o tumulto no Largo do Rato, a questão relevante para o espectador é compreender as diferenças entre as facções que se enfrentam. O boato mais consistentemente propagado, com a anuência de meios de comunicação, instila o dogma de que o António com apelido Costa é uma figura politicamente mais forte e com mais credibilidade para "mobilizar os portugueses" (ou lá o que é) do que o António com apelido Seguro. A inesperada jogada deste último, assente em recursos de secretaria e revelando que é um homem que detesta chatear-se sozinho, instala a confusão noutro nível. Afinal, percebe-se que o de apelido Seguro é mais teso e menos panhonho do que os detractores querem fazer crer. Assim, não se percebendo nenhuma diferença de ideário entre um e outro, não havendo curriculum relevante de nenhum deles (pelo contrário talvez sim), e parecendo agora equiparadas as capacidades de ambos em politiquear, o que está em jogo é mais óbvio do que antes: uma simples guerra entre dois grupos com os respectivos cortejos de apoiantes e dependentes. Nada de extraordinário nem que não exista noutros partidos. Nem admirável é o facto de as sondagens parecerem dar o primeiro lugar ao grupo que é apoiante do péssimo governo anterior.