É difícil escolher hoje, no PÚBLICO, qual será a notícia alusiva à data:
-Manuel Alegre em jantar do MIC a dizer que Portugal vive um período como o da União Nacional dos piores tempos do salazarismo e que a continuar ainda acabamos pior que Itália? E a referir-se à sua candidatura como "vencedora"?
-Natasha Nunes do BE a dizer que a adopção por casais homossexuais é uma reivindicação da sociedade?
-Freitas do Amaral a anunciar a criação de um "canal permanente" entre Portugal e o Canadá para maior cooperação na deportação de imigrantes ilegais?
Tudo isto vem lá escrito, não invento nada. Como os jornais costumam limitar-se a uma mentira neste dia, fico preocupado (singela homenagem a Sampaio) porque pelo menos duas destas notícias podem ser verdadeiras. (Por exemplo, se as afirmações de Alegre correspondem à verdade, a situação é ainda pior do que a que ele descreve, pois poderá ter sido empossado como presidente da república um candidato que não venceu as eleições - ainda mais grave porque ninguém parece ter dado pelo engano. Já teremos ultrapassado em muito a Itália: se calhar já vamos em Cuba ou na Coreia do Norte.)
Como se isso não bastasse, há ainda Rui Tavares a comparar a queixa de Margarida Rebelo Pinto, contra um ensaio crítico que lhe é desfavorável, ao protesto da Apple perante o que considera ser "pirataria de estado" por parte da França. E termina criticando "os neoliberais" por quererem conferir direito de propriedade sobre "aquilo que sempre foi de todos: folclore, ideias, frases feitas (o itálico é meu). Estará Tavares a sugerir veladamente que a tecnologia que levou ao iPod e ao iTunes também lhe é, em parte, devida? Se se confirmar, talvez seja esse o segredo do choque tecnológico.
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1 comentário:
Caro Rui Tavares:
Admito que a minha conclusão final é uma tentativa de ironia levada longe demais. Mas, independentemente das suas intenções, julgo que um leitor da sua coluna vai encontrar lá a comparação a que eu me refiro.
Por outro lado, a questão do ipod tem precedentes que foram menos mediatizados (porque acabaram por ter menos impacto comercial): o minidisc da sony só funcionou, na prática, em leitores sony criados para o efeito e pouco mais. O problema não é trivial e não concordo com as suas conclusões. A compra de um produto pressupõe a aceitação tácita de um contrato e não é para mim evidente que a Apple não tenha o direito de especificar que a leitura no ipod é uma das regras do contrato. Quem não quiser, não compra.
Os meus cumprimentos
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