domingo, agosto 23

"Esclarecimento"?

No dia 16 o PÚBLICO contava, em artigo de Clara Viana, que a empresa criada para realizar as obras de modernização em escolas secundárias - a Parque Escolar - poderá não ter observado todas as normas legais na celebração de contratos com os arquitectos concorrentes. Privilegiando o ajuste directo sobre o concurso público, as encomendas terão contemplado apenas um pequeno número de profissionais. O artigo transcreve breves declarações do Presidente da Ordem dos Arquitectos, que são críticas relativamente ao procedimento da Parque Escolar.

Sobre este assunto, que não me interessa particularmente, apenas tinha anotado à pressa, para mim, duas coisas: que o investimento previsto é muito significativo e que os reflexos da iniciativa para a melhoria do ensino não devem sê-lo na mesma medida. Mas adiante.

Hoje o PÚBLICO inclui uma Carta ao Director do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos. O tema é o artigo do dia 16. A carta ocupa as cinco colunas usuais e está dividida em 8 pontos. Nos pontos 5 e 8 lê-se uma concordância muito discreta com as frases do Presidente inseridas no referido artigo. Os pontos restantes explicam por que razão a Ordem não se revê no (re)enquadramento dado às declarações do Presidente (sic). Para além de um discurso asséptico sobre a importância das obras em curso e o excelso papel dos arquitectos na sua concretização, nos pontos 1,2,3,4,6 e 7 encontram-se os "porém", os "por outro lado", os "aliás" que compreendem e desculpam eventuais atropelos à lei por parte da Parque Escolar.

Eu não faço a mínima ideia do que se passa dentro da Parque Escolar, nem da Ordem dos Arquitectos, nem do sentir dos associados a respeito deste episódio, se é que ele os preocupa. Mas a Carta ao Director deixou-me um pouco estupefacto, como se diz agora. A pensar nas razões da Ordem para vir exibir tao conspicuamente a sua compreensão.

Sem comentários: