Ontem e hoje cruzei-me com várias pessoas consternadas pela vitória de Salazar num concurso de televisão que aí houve. Não tenho registo da mesma apreensão a respeito de Cunhal. Claro que Salazar teve a oportunidade e todo o tempo para fazer mal ao país e Cunhal não, felizmente. Além disso, por muito que nos custe, Salazar foi eleito por demérito próprio, ao passo que Cunhal deve o seu 2º lugar, em parte, a Salazar. Mas, que diabo, foi só um tele-concurso! Os que quiseram exteriorizar um estado de birra fizeram-no com êxito.
Tanto quanto sei, os consternados não votaram. Como lhes compete (e a mim, já agora), não se metem onde não se sentem chamados. Não vêm concursos ou telenovelas na tv; essas coisas têm o seu público e os planos não se misturam. Por isso não compreendo aqueles estados de alma. Faz tanto sentido esse desgosto como lamentar que haja poucos leitores para Proust e muitos para Paulo Coelho.
O grande perdedor é o major Valentim Loureiro. Agora ninguém irá dar crédito ao seu julgamento na televisão.
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