quarta-feira, novembro 15

Mais TLEBS

O Presidente da Associação Portuguesa de Linguística, João Costa, aparece hoje, em carta ao Director do PÚBLICO, em defesa da TLEBS. Mas não responde a nenhuma das pertinentes objecções de que a manobra TLEBS tem sido alvo. Aguardo, curioso, o surgimento de alguma defesa da operação que não venha do seu núcleo gerador e incubador (alguns linguistas, a Associação de Professores de Português e o Ministério da Educação).

Que a TLEBS não é um manual de gramática já todos percebemos. O que se contesta é a sua utilidade e necessidade, bem como a sua exótica legitimação através de portaria, cheia de considerandos que tresandam fantasia. Quando se diz que a TLEBS introduz termos relevantes para uma boa descrição do funcionamento da língua portuguesa, a resposta mais benevolente é: talvez, mas não para as necessidades do EBS e dos professores de português nesse nível. A utilidade da gigantesca lista de designações para o ensino do uso correcto da língua é a mesma que teria, para o ensino da Matemática, classificar os números em pequenos, grandes e assim-assim, ou uma nova lista de designações para classificar os triângulos a partir da posição do ortocentro. No fim, vai haver a mesma confusão entre há, à (para já não falar de á), entre ficaste e ficas-te.

João Costa afirma que muitas das classificações propostas são para esclarecimento dos docentes. Dada a perplexidade originada com o documento, parece razoável pensar que o esclarecimento era bem dispensável.

A TLEBS não passa de uma resposta pretensiosa e inadequada a um problema inexistente, e que na substância não difere muito do modo como os sucessivos ministérios da educação vêm aprovando conteúdos e metodologias para os ensinos básico e secundário. Em matérias como a Matemática isso é menos escrutinável pelo grande público, mas os mesmos sinais de incompetência e falta de bom senso estão lá todos.

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