sábado, dezembro 17

O Português de plástico

Reparem nesta beleza de prosa de Paulo Feytor Pinto (Asssociação de Professores de Português) em carta ao Director no PÚBLICO de hoje:

"Não nos parece aceitável que se considere que um exame nacional seja o instrumento que garante que todo o programa é ensinado (...) e (...) que mais programa é aprendido (...) Melhores garantias parece-nos poderem ser dadas pela diversificação dos instrumentos de avaliação (...), por uma formação inicial adequada baseada em perfis pré-definidos, por uma formação contínua de professores regulada pela avaliação das suas necessidades e pelo impacto dessa formação nas aprendizagens dos alunos, pela selecção de manuais complementada pela sua certificação prévia, pelo cumprimento dos programas, por melhores equipamentos (...)"

Duma coisa não parece haver dúvidas: o signatário teve uma formação baseada num molde pré-fabricado, pois para escrever este discurso basta ir aos manuais do pedagogicamente correcto profusamente difundidos pelo ministério da educação há anos e anos, e fazer copy-paste.

Reparem também que, segundo o autor, uma garantia de que o programa é cumprido é... o cumprimento do programa.

1 comentário:

António Araújo disse...

>Reparem também que, segundo o autor, >uma garantia de que o programa é >cumprido é... o cumprimento do >programa.

Chama-se a isso ser internamente consistente :))

A ladaínha desse senhor lembra-me uma missa católica daquelas que passavam na RTP aos domingos, com as velhinhas a repetir a coisa com voz cansada e a saltar silabas de tanta prática :)

Ou aqueles robots humanos que nos atendem nas help-lines das empresas, com as frases ja pre-programadas e a capacidade de improviso de uma pedra tosca.

Bom, pelo menos ELE claramente aprendeu o (seu) programa todo. :)