Está no ar uma agitação enorme a propósito da tortura que os EEUU terão praticado sobre prisioneiros suspeitos de terrorismo e sobre os voos de aviões da CIA pela Europa. É uma vaga de excitação que sucede aos protestos recorrentes sobre as condições a que são submetidos os prisioneiros de Guantanamo. Em abstracto, o objecto destas preocupações é justo, mas a atitude enviesada da maioria das vozes que os proferem faz suspeitar de que a preocupação não tem nada a ver com direitos humanos, mas tem unicamente como fim atacar os EEUU e a actual admnistração.
Alguém se lembra, por exemplo, do nome de Akbar Ganji? É um jornalista iraniano preso há seis anos, torturado, e incomunicável, por delito de opinião. Fez greve da fome e encontra-se em débil estado de saúde. O advogado que pretendeu defendê-lo foi preso. Alguns amigos tê-lo-ão aconselhado a fazer declarações anti-bush para se tornar conhecido através dos media. Ganji tem recusado sistematicamente e o resultado está à vista. (Recorde-se que Shirin Ebadi, a advogada iraniana agraciada com o Nobel, cedeu a essa tentação, tendo no discurso de aceitação referido a situação de Guantanamo e calado a dos milhares de prisioneiros de consciência do seu país...)
Recentemente, a Foreign Press Association atribuiu a Ganji o prémio "Diálogo de Culturas 2005". Na cerimónia, a apresentação do prémio foi feita por Bianca Jagger, embaixatriz UNICEF, que afirmou que também não poderíamos esquecer Guantanamo e Abu Ghraib. Na visão distorcida dos novos iluminados, membros de bandos terroristas estão no mesmo plano dos que apenas pensam diferente e defendem as suas ideias escrevendo. Para já não falar, claro, da qualidade das ideologias de uns e outros.
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4 comentários:
Para esta iluminada os prisioneiros de Guantanamo são seres humanos, tal como o sr. Akbar Ganji. Assim, preocupa-me que uma pessoa possa sem acusação, sem defesa, num limbo da lei estar preso até não se sabe quando. Tal como me preocupa que outra pessoa também seja maltratada e limitada na sua liberdade por expressar o que pensa.
Um não implica esquecer o outro. Ambos são inaceitáveis. Comparar uns com os outros com o intuíto de desculpabilizar é repulsivo. A referência deve ser o respeito pelos direitos humanos, não o que se considera ser o pior dos estados opressores.
É incrível o que se diz e defende por ideologia...
agora que tivemos este esclarecimento por parte da 'advogada' de bianca jagger, deveriamos dormir todos mais descansados ... enfim ... menos aqueles que (avisadamente) não podem dar-se ao luxo de depender nem da bianca nem da advogada.
akbar ganji será libertado nos próximos meses ... espera-se ... para ser 'exilado internamente'.
Lino, que LATA!
Se tiver de escolher entre viver nos estados unidos e no irao, não há dúvida possível. Acontece que eu quero continuara a viver num país que seja MUITO MELHOR do que o Irão. Não cedo a chantagens do tipo: Se queres que te proteja, baixa a bola!
Quero continuar a poder falar de cabeça levantada. Não quero perder o meu emprego por delitos de opinião, com já aconteceu neste pais.
Tmabém me acusas a mim de anti americanismo primário?
on: não há nada no post dirigido a alguém em particular nem te classifico como "antiamericano primário".
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