terça-feira, outubro 18

Perguntem ao presidente

A BBC abriu um questionário online dirigido a Hugo Chávez, a que ele supostamente deverá responder. As perguntas são publicadas na página da BBC mas, a julgar pelo que se lê aqui, a BBC só publica, pelo menos por enquanto, as perguntas "fáceis", talvez para não maçar muito o presidente. Apetece colocar a pergunta: acha que a BBC é mais isenta do que os órgãos de informação do seu país? Chavez devia achar estimulante, tal como quando teve oportunidade de responder pela tv, há dias, a Sampaio.

10 comentários:

António Araújo disse...

Bando de amadores...deviam aconselhar-se com os profissionais. :)

Não resisti :)

raiva disse...

Os USA invadiram o Iraque por causa do petróleo (ouvi dizer repetidamente).

O Iraque está longe dos USA.

A Venezuela tem tanto petróleo como o Iraque.

A Venezuela está perto dos USA.

Será que Bush gosta mais do Chavez do que do Saddam?

Daniel disse...

Parece que la BBC esta empezando a poner comentarios mas severos. Felicito a todos los que escribieron y que obligaron a la BBC a poner comentarios mas equilibrados.

António Araújo disse...

Caro raiva, anda um pouco distraido:

"If he thinks we're trying to assassinate him, I think we really ought to go ahead and do it. It's a whole lot cheaper than starting a war."

"We have the ability to take him out, and I think the time has come that we exercise that ability. We don't need another $200 billion war to get rid of one strong-arm dictator. It's a whole lot easier to have some of the covert operatives do the job and then get it over with."

Estou a citar o Pat Robertson. Aquele extremista religioso (cristão, este) que até concorreu às primárias e que é um grande apoiante do Bush (embora de vez em quando embaraçoso).

Mas como incompreensivelmente nem mesmo os EUA podem andar por aí a invadir países sem desculpa ( tal como os Romanos, só travam guerras defensivas - por causa da invasão do Kuwait, da ameaça de terrorismo, etc ) não me parece que seja estranho que não tenham avançado militarmente. Falta-lhes ainda a desculpa.

Revido-lhe a pergunta, caro raiva: qual é a motivação para querer intervir na Venezuela e para compará-la ao Iraque como faz o Pat Robertson? O que é que a Venezuela tem em comum com o iraque? Invadiu algum país vizinho? É uma "nação terrorista"?
Acho que o meu caro Raiva ja respondeu a esta pergunta. O que ela tem de semelhante é que tem petróleo.

E quanto à desculpa, é so arranjá-la. Dê-lhes tempo:

'Robertson also said that Chávez was "going to make Venezuela a launching pad for communist infiltration and Muslim extremism all over the continent" and called him an "out-of-control dictator... a dangerous enemy to our south, controlling a huge pool of oil that could hurt us very badly."'

Nem o "red scare" podia faltar...e note a referência ao petróleo. Este Marion (perdão, "Pat") está sempre a dar com a lingua nos dentes. Será que ele não sabe que isto só se diz à porta fechada?

Caro Raiva, anda a derrapar, vir mencionar essa comparação era pedir sarilhos :)

António Araújo disse...

Hoje fez-me reflectir no seguinte, caro raiva:

As três políticas da corrente administração americana parecem ser: A guerra, o assassinato (pronto, pelo menos se seguirmos a sugestão do Marion, perdão, Pat B.), e o "isolamento" dos antagonistas (à maneira do bloqueio a Cuba). Note-se por exemplo isto:

"Rice described a two-pronged strategy against Syria: First, military action in towns along the Syrian border with Iraq to flush out insurgents; second, stepped-up diplomatic efforts in Europe and the Arab world to isolate the Syrian government."

(isto vem na sequência da brilhante ideia de estender a guerra ao Irão e à Siria, não se sabe bem, aliás, com que recursos, sendo o objectivo final a construção segura e rápida do Califado, presumo).

Note-se que a ideia deles de "esforço diplomatico" não consiste em dialogar ou negociar mas em "isolar" o interlocutor, o que é uma interpretação curiosa do termo.

Mas isto deu-me uma bela ideia. Porque é que os EUA não "isolam" de uma vez por todas o resto do mundo? Ficavam eles "dentro do mundo" e nós todos "fechados cá fora". Ou vice-versa, tanto faz, desde que de facto ficassemos mutuamente bem isolados.

Seria benéfico para todos.

Eu apoio sinceramente essa iniciativa diplomática.

lino disse...

Eu tenho dúvidas sobre a política de Bush, mas o meu instinto não me permite ter dúvidas sobre a política do Irão neste momento. Por isso, ao contrário do OMWO, sentir-me-ia menos seguro no lado do mundo onde o Irão, a Coreia do Norte, etc pudessem actuar à vontade. Já sei que o OMWO vai escrever que os EEUU já invadiram isto e aquilo, ao contrário do inocente Irão... A avaliação dos perigos é subjectiva.

António Araújo disse...

objecção: eu jamais diria "o inocente Irão". E jamais o preferiria aos EUA. Pensava que já tinha esclarecido varias vezes que não pertenço ao clube de fãs dos tipos que por acaso são inimigos dos EUA.

Apenas não pertenço também ao clube de fãs do Tio Sam...perdão, George.
E prefiro ficar "fechado" no lado do mundo que inclui o Irão, a Coreia do Norte (e mesmo o "etc"! :) ) mas que também inclui a Europa. Acho que seriamos perfeitamente capazes de lidar com eles sem a ajuda dos nossos tristes amigos norte-americanos (fazer pior era dificil). Com amigos destes...

António Araújo disse...

Para alem de que o Irao nao me ameaça grandemente, de um ponto de vista militar. A Europa poderia perfeitamente tratar do assunto se fôsse mesmo necessario. Agora os EUA, se um dia acordarem para o lado errado da cama...

É essa hipotese que nao parece surgir nunca na cabeça do fan-club Europeu dos EUA. You guys are NOT american. Wake up! A historia do mundo ainda nao acabou. E nao é nada bom ser meramente o aliado fraquinho do gajo mais duro da rua. Não tem grande futuro. Um dia acordamos e vemos que lhes convém incluir-nos neste ou naquele "eixo do mal". Porque pisámos os calos ao McDonald. Ou porque os tipos de repente elegeram um louco como o Marion (aka "PAT") para a presidência.

E depois, vão fazer o quê?

lino disse...

Ainda não vi nada de tranquilizador no modo como a Europa encara o problema do Irão. E quanto a loucos, são apesar de tudo muito menos perigosos os que eventualmente surjam em sistemas democráticos cercados de imprensa e contestação por todos os lados.

raiva disse...

A Europa a resolver o problema do Irão faz-me lembrar o Chirac a construir centrais nucleares no Iraque de Saddam, nos idos 80s...