Nos Estados Unidos a vida não é fácil para um negro que aspire a altas funções sem ser em representação do Partido Democrático. É o que mostra a desistência de Herman Cain, após denúncias de aventuras extra-conjugais. Denúncias frágeis, mas com a suficiente verosimilhança para que uma imprensa, predominantemente favorável ao campo concorrente, executasse com êxito a sua função de desgaste.
Os Republicanos não saem bem do filme: com uma sucessão de candidatos fracos e já abatidos, sem possibilidade nem capacidade de resposta aos ataques que em campanha são inevitáveis e devem ser estudados, fica a nú a fraqueza e a mediocridade do partido.
Também não é animador, independentemente das posições políticas, o peso do conservadorismo americano onde o campo democrático se inclui sem pejo, cadinho onde medram as reacções hostis aos deslizes de alcova. Os cargos de topo arriscam-se a ficar reservados aos irrepreensivelmente castos, sintoma preocupante para a América e para o mundo. Como é que um cidadão, que nem venceu com êxito a provação das angústias e do stress que umas infidelidadezitas proporcionam, vai reagir à pressão infinitamente maior de comandar a nação por enquanto mais poderosa do planeta?
A denúncia alcoviteira é uma tentação enorme a que a Europa também não escapa. Hoje, no Journal du Dimanche, o próprio Ministro do Interior vem dar uma marretada na cabeça de um DSK já politicamente
moribundo, confirmando um facto de que se sabia à boca pequena e que não deu origem a qualquer acusação: que o antigo chefe do FMI teria sido apanhado há cinco anos num controlo policial no Bois de Boulogne. O enquadramento e os factos são diferentes, mas é extraordinário que o próprio responsável pelo Interior confirme quase gratuitamente (bastou perguntar) um facto da vida privada de um cidadão. Para responder à teoria absurda do complot Manhattaniano, não havia necessidade de ir tão longe.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário