Ontem, no Jornal das 9 da SIC Notícias, a professora Maria do Carmo Vieira (entrevistada a propósito da publicação do seu livro "O Ensino do Português") veio recordar aspectos do que continua a correr mal. Um dos alvos maiores de crítica foi a adopção da TLEBS, e fê-lo em termos que me levaram a rever o que escrevi há quase quatro anos, quando concedia que a TLEBS é assunto para adultos. O ponto de vista de M. C. Vieira é que nem para adultos aquilo serve, dada a artificialidade da classificação e a própria infelicidade da escolha de designações.
A TLEBS é um acto de arrogância de certa classe académica que frivolamente acolhe encomendas de ministérios de educação insensíveis à realidade.
Não é por acaso que, se há uma área da vida onde o risco de estupidificação é notavelmente elevado, essa área é a da educação entendida como "ciência". Felizmente há sempre quem mantenha alguma sanidade intelectual, mas o sistema está feito para eliminar os desvios. A falta de exigência, inadequação e degradação dos programas, em particular, leva a que os professores progressivamente percam a sensibilidade aos conteúdos da sua disciplina e em vez disso os reduzam a formatos burocráticos, susceptíveis de repartir por grelhas.
Imaginemos que um estudante conclui o 2º ciclo de Matemática com bons resultados e pretende fazer carreira no ensino básico ou secundário. Ele irá ter de passar pela máquina trituradora dos cursos de educação, que o farão regressar ao nível da escola primária, onde se debita ideologia e se desincentiva a crítica, onde lhe vão propor metodologias inventadas com grande economia de bom senso. Carreira adiante, terá de sofrer acções de formação onde, com poucas excepções, lhe servirão matérias espúrias ou simplesmente embrutecedoras. Como efeito disuasor é difícil imaginar melhor.
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