sábado, março 11

Voltaire e(ntre) nós



Num artigo de opinião que aparece no PÚBLICO de hoje, Rui M. Tavares efabula sobre o que seriam as atitudes de Voltaire se ele vivesse nos dias de hoje. No domínio do fantástico, cada um escreve o que quer ou de acordo com a cartilha em que acredita. Assim, aparece-nos Voltaire a defender as minorias, a recusar a "superioridade civilizacional" e nunca a alinhar com o lado do "Ocidente", muito menos ainda com o "judeo-cristão".

Antes de Voltaire, também as atitudes de Cristo e de Maomé perante o caso das caricaturas são objecto de reflexão. Estamos, claro, em pleno delírio ficcional, mas o autor conclui em segurança que ambos encarariam a crise com magnânima indiferença. Eu não sei se tem ou deixa de ter razão, porque a afirmação é simplesmente vazia de significado. Fico é a pensar que Rui Tavares não terá lido com atenção os Evangelhos e o Corão.

Espantosa distorção da realidade pelos desejos, especialmente quando se trata de um historiador! Rui Tavares não explicita, mas a sua mensagem subliminar é clara: Voltaire está entre nós e é português! Fisicamente não é muito parecido com o original, mas por acaso até é ministro e já escreveu uma peça na actual reencarnação.

2 comentários:

Nino disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Nino disse...

Desconcertante.

Será que a falta de tempo aprimora o pensamento?