domingo, março 19

Terceiro aniversário

Assinalou-se o terceiro aniversário da invasão do Iraque. As entidades organizadoras dos habituais protestos - parece que desta vez menos concorridos - apelam à retirada de todos os ocupantes. Mas não é aos terroristas e todo o tipo de mercenários infiltrados, que matam diariamente iraquianos, que se referem, não: esses e os seus crimes devem ser o que apelidam de "resistência do povo iraquiano". Como se pode ler nas linhas e entrelinhas dos apelos a manifestações - por exemplo, o texto da FENPROF - a mira está apontada, sem surpresa, aos Estados Unidos e perfila-se já o alinhamento ao lado dos regimes da Síria e do Irão contra o que der e vier. As eleições realizadas no Iraque são postas entre aspas e classificadas sumariamene de fraude. Na verdade nada disto é novo: os simpatizantes do comunismo nunca tiveram apreço por eleições, a não ser como meio táctico de acesso à partilha do poder nas "democracias burguesas".

Por muito criticável que seja o modo como a administração Bush tratou o problema do Iraque, afirmações como as que se podem ler no texto citado são certamente um insulto para boa parte do "povo iraquiano" com quem os autores se dizem tão preocupados. Por outro lado, quem critica não pode deixar de ter em conta os efeitos da retirada, para não falar já em alternativas à ocorrência da intervenção. (Dois artigos interessantes, longe do padrão derrotista da abordagem habitual, podem ver-se aqui e aqui.)

A propósito, também ontem passou o terceiro aniversário de uma vaga de repressão em Cuba, resultando na prisão de 75 pessoas (activistas de direitos humanos, jornalistas e outros trabalhadores, editores) cujo delito são as ideias de democracia que defendem. As condenações foram severas, tendo sido libertadas 15 das pessoas presas por razões de saúde. O acontecimento não foi muito assinalado. Que interessa a liberdade de pensamento e expressão à longa lista de promotores de protestos anti-EEUU? Obviamente, nada. O ditador Castro não está na sua agenda, a não ser para acções de discreta simpatia.

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