quarta-feira, fevereiro 15

Liberdade de expressão armadilhada

É curioso como os meios de informação com maior impacto frequentemente malbaratam a liberdade de expressão e a independência que seriam supostos possuir.

Repare-se, por exemplo, nas referências ao Irão durante a crise actual. Fala-se, claro, no enriquecimento de urânio, que é notícia. Mas não me recordo de ter ouvido ou visto nada sobre a recente greve de motoristas em Teerão, que desencadeou uma vaga de prisões e repressão sobre as famílias dos organizadores do protesto. Parece que a direcção da associação de motoristas pede a solidariedade de sindicatos franceses.

Há também rumores de que as comemorações do 27º aniversário da revolução islâmica esbarraram na falta de entusiasmo da população, não tendo havido multidão para mostrar nas ruas.

Entretanto, Amir Abbas Fakhravar, proeminente dissidente que actualmente vive escondido, deu uma entrevista à National Review Online.

Estas notícias podem requerer confirmações e investigação. Mas que fazem, por exemplo, as televisões? Em termos de imagem, limitam-se a passar as violências e queimas de bandeiras junto a embaixadas ocidentais em Teerão: encenações rombas, risíveis, com umas dezenas de figurantes inexperientes que fariam o fracasso de qualquer filme comercial. Ora, quem põe no ar as imagens não é ingénuo. Podemos concluir que há entre nós muita gente que assume com naturalidade o papel de porta voz do regime teocrático.

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