Também no El País de hoje, e a propósito da exposição do Museu Thyssen e Caja Madrid, Vargas Llosa discorre sobre o lado bom e o lado mau da vulgarização do erotismo. Passa em revista a inspiração fornecida pela antiguidade pagã e também pelo cristianismo, que proporcionou a grandes artistas o ensejo de nos darem a contemplar inúmeras Evas, Madonas, Cristos, São Sebastiões e mais todos os santos e santas do calendário, desafiante exibição do corpo que a censura eclesiástica não pôde deixar de tolerar.
Com o desaparecimento dos bloqueios censórios, o erotismo banaliza-se, e com ele a arte que inspira. Llosa convoca o Endimião Adormecido de Canova para o opor à frivolidade do video David (de um autor de que provavelmente não valerá a pena reter o nome), que voyeuriza o sono de Beckham.
Mas somos, provavelmente mais felizes do que antes. Menos censura é também menos constrangimento e menos discriminação. A arte ficou a perder? "Fazer amor já não é uma arte, é um desporto sem risco, como correr no tapete do ginásio"? Paciência. Não se pode ter tudo.
3 comentários:
Atenção: correr num tapete de ginásio envolve alguns riscos:)
"Fazer amor não é uma arte"? Acho que a frase deve apenas vincular o seu autor. Dito de outra forma; cada um fale por si.
Julgo que a frase é intencionalmente ambígua. O Mário está a dizer que o amor já não motiva a arte como dantes (como soía, assim diria o outro).
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