domingo, agosto 24

Insensibilidades

Francisco Louçã acusa o Presidente da República de "insensibilidade" na questão do divórcio, recordando que não há casamento unilateral. Aproveita para pedir ao estado que não se meta no que não é do estado e da lei - curiosa reivindicação de quem quer o bedelho do estado metido em tudo, e que muito em breve veremos a defender a institucionalização do casamento homossexual.

Não sei se no caso do divórcio quem tem razão é o Presidente ou o Francisco, mas a posição deste parece-me pouco sólida. O Bloco gosta de aparecer como defensor dos mais fracos e pobres mas a máscara cai-lhe com extrema facilidade: nas situações de criminalidade nunca se identifica com as vítimas, exceptuando os casos em que elas não são olhadas como pessoas, mas sim como elementos de "grupos marginalizados". O Bloco pretende desempenhar o papel de quem, por via da intervenção estatal, quer garantir a felicidade dos cidadãos. Ora, no caso presente, está a preocupar-se objectivamente com o elemento mais leviano do casal, podendo transformar o divórcio num fácil repúdio. Para ser coerente, o Bloco deve apresentar uma emenda à lei: nos casos de repúdio à vista, o estado deve promover desde já a constituição de um banco de suplentes, a fim de garantir ao cônjuge abandonado a substituição provisória do cônjuge anterior. Uma espécie de subsídio de desemprego emocional com prazo fixo, tudo bem monitorizado e verificado por assistentes sociais especializados. Há os pobres de dinheiro e os pobres de amor, e não é evidente quais deles sofrem mais. A "insensibilidade" também não falta ao Francisco.

2 comentários:

Orlando disse...

Separar o divorcio das questões legais de propriedade parece-me do mais elementar bom senso. Não tem que ter nada a ver uma coisa com a outra. Depois parece-me que o PS meteu os pés pelas mãos. Não é muito claro que é que eles querem.

Infelizmente, como é habitual nestas coisas, não se está a analisar o que se passa nos 6% de casos litigiosos, e isso é o importante. Vi uma vez um excelente programa sobre este assunto. Os entrevistados, pessoas que lidam diariamente com casos de divorcio, fizeram vários comentários positivos a favor da lei.

Alguns dos comentarios sobre o bloco fazem todo o sentido, apesar de eu provavelmemte ir votar neles.
Ainda tenho alguns argumentos ainda melhores para lhes dar porrada.

Anónimo disse...

sera que este r+pazinho dito de esquerda que merda e esta? nao engole pau preto? tem toodo otipo de isso!