quarta-feira, agosto 20

Aniversários, transplantes e uma Santa Aliança

O Grande Mufti da Arábia Saudita acaba de desmentir o estudioso Salman Al-Oadah, que teve a ousadia de emitir uma fatwa autorizando a celebração de aniversários e datas de casamento. Salman não vê nisso nada de contrário ao Islão.


O Mufti relembra que para os muçulmanos há apenas duas datas a celebrar, o Eid Al-Fitr, fim do Ramadão, e o Eid Al-Adha, também com significado religioso. Para além disso há ainda o culto de sexta-feira a que todos têm direito, e basta. Outros estudiosos de alto estatuto vieram apoiar este ponto de vista, sustentando que celebrar casamentos e aniversários poderia ser considerado uma imitação de práticas associadas a outras religiões. Ora o Profeta, a paz seja com ele, ensinou que isso é um erro. Os muçulmanos não podem assumir comportamentos típicos dos infiéis. Isso afectaria a sua identidade própria.

Estas directivas, que à primeira vista estão no âmbito do absurdo, são um exemplo do que une o islão radical e a esquerda de cariz socialista: a utopia de retirar aos indivíduos a sua identidade como pessoas para a substituir por um figurino ideologicamente imposto.

Por outro lado, ainda ontem se soube que a ordem dos médicos do Egipto, dominada pela Irmandade Muçulmana, se opõe a transplantes entre muçulmanos e coptas. E, tendo em conta estes preceitos sobre as condições em que a doação de órgãos é admissível, é caso para perguntar que confiança se pode ter num médico muçulmano.

Entretanto, o governo de Espanha tem novas regras para a promoção na carreira militar: os candidatos devem fazer um curso que inclui as bases teóricas da Aliança de Civilizações e políticas de igualdade de género. Mas sobre o que a dita Aliança terá ou não a dizer sobre casos como os descritos nunca ninguém fala. Caberá na agenda de Zapatero e Sampaio (tão ciosos da sua laicidade) alguma iniciativa discordante dos ensinamentos destes religiosos inclassificáveis?

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