"Estudo acaba com o mito de que as raparigas são piores que os rapazes a matemática" é o título de um artigo que surgiu na página 16 do PÚBLICO de ontem. E a primeira frase é triunfal: "O mito acabou." As restantes frases estão dedicadas ao mito de que as raparigas são iguais aos rapazes (no presente caso, em aptidão para a matemática), com base no artigo DIVERSITY: Gender Similarities Characterize Math Performance, de Janet S. Hyde e cinco outras senhoras, publicado na Science há dois dias. Mas, como é bem observado neste post, não passa para os jornais uma parte importante e perturbante da mensagem: tendo sido o estudo baseado nos resultados de testes de matemática comuns, as autoras observam que actualmente as questões a que os estudantes são submetidos têm nível muito básico, raramente ultrapassando o 2 numa escala de dificuldade crescente com níveis de 1 a 4. Para bom entendedor, é como se usássemos os nossos exames de matemática deste ano para estudar as diferenças entre os alunos que fizeram um estudo superficial e os que adquiriram uma compreensão profunda das matérias.
A realidade é um pouco mais complexa e menos fácil de rotular para venda num jornal. Observando o que se passa a um nível de maior selectividade, como é o caso das Olimpíadas de Matemática, os resultados (obtidos por participantes, em função do género) configuram uma verdade muito diferente da que convém aos títulos sensacionais. O post de Lubos Motl sublinha-o com vários exemplos. Chama a atenção também, a propósito, para este outro estudo onde as matérias académicas são listadas pelo índice de adesão dos seus cultores à norma do politicamente correcto.
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