Laurent Lafforgue, eminente matemático, medalha Fields em 2002, é forçado a demitir-se do Haut Conseil à l'Education. As razões estão extensivamente explicadas aqui. Vale a pena ler na íntegra e não é difícil constatar que, na sua essência, as críticas de Lafforgue são aplicáveis ao que se tem passado entre nós no âmbito da educação nas últimas décadas.
Por exemplo, sobre a intenção do Presidente do HCE de apelar aos peritos da Educação nacional - inspecções gerais e direcções da administração central, em particular direcção da avaliação e da perspectiva e direcção do ensino - Lafforgue reage assim:
Para mim, é exactamente como se fôssemos um Alto Conselho dos Direitos do Homem e apelássemos aos Khmers Vermelhos para constituir um grupo de peritos para a promoção dos Direitos Humanos. (...) Cheguei à conclusão de que o nosso sistema educativo público está em vias de destruição total. Esta destruição é resultado de todas as políticas e reformas empreendidas por todos os governos desde o fim dos anos 60.
Estas políticas foram desejadas, aprovadas (...) e impostas por todas as instâncias dirigentes da Educação Nacional, quer dizer em particular: os famosos peritos da Educação Nacional, os corpos de inspectores (recrutados entre s professores mais dóceis e submissos aos dogmas oficiais) (...) os corpos de formadores (...) cheios dos famosos (...) especialistas das chamadas "ciências da educação", a maioria dos peritos de comissões de programas, numa palavra o conjunto da Nomenklatura da Educação Nacional. Estas políticas foram inspiradas a toda esta gente por uma ideologia que consiste em não valorizar o saber e que mistura (...) a crença em teorias pedagógicas delirantes (...) a aprendizagem de conteúdos vagos (...) a doutrina do aluno "no centro do sistema" que deve "construir os próprios saberes". Esta ideologia tomou conta igualmente dos dirigentes dos sindicatos maioritários.
quarta-feira, novembro 30
segunda-feira, novembro 28
Aliança ou confusão de civilizações?
A pergunta vem num editorial do ABC de hoje:
Por ejemplo, ¿qué puede tener en común Rodríguez Zapatero, que como una de sus primeras medidas de gobierno quiso aprobar el matrimonio entre personas del mismo sexo, con un personaje como el ex presidente iraní Mohamed Jatamí, que representa a un país donde a una persona se le puede llegar a ahorcar por el hecho de ser homosexual?
Por ejemplo, ¿qué puede tener en común Rodríguez Zapatero, que como una de sus primeras medidas de gobierno quiso aprobar el matrimonio entre personas del mismo sexo, con un personaje como el ex presidente iraní Mohamed Jatamí, que representa a un país donde a una persona se le puede llegar a ahorcar por el hecho de ser homosexual?
Alguém tenta resistir
Ontem foi dia de manifestações de estudantes na Universidade de Teerão, contra a nomeação de um religioso como responsável máximo da institução.
quarta-feira, novembro 23
Nascimento de um novo Hitler
Excerto de um artigo de Carlos Alberto Montaner:
(...)El presidente Ahmadinejad, con una desfachatez que debemos agradecerle, puesto que no deja la menor duda sobre cuáles son sus intenciones, ha declarado dos cosas que son para echarse a temblar. La primera es que ''Israel debe ser borrado del mapa''. La segunda es que ''el mundo debe darse cuenta de que Israel no es el único objetivo de Irán, sino, simplemente, el primero''. Algo que no ignoran los argentinos que en 1994 sufrieron un brutal atentado en pleno Buenos Aires, cuando los servicios iraníes destruyeron con una poderosa bomba el edificio de la Asociación Mutual Israelita (AMIA), y que sufren todos los días los habitantes de Israel, árabes y judíos, con los atentados perpetrados por los asesinos-suicidas financiados, entre otras capitales, desde Teherán.
El asunto es muy claro: ante nuestros azorados ojos, sin pausa ni tregua, uno de esos nefastos personajes de los que inevitablemente conducen a la humanidad al matadero va desplegando sus peores rasgos. Es un fanático convencido de que está destinado a cambiar la historia del mundo y tiene en su memoria colectiva la remota grandeza de Persia. Se siente víctima de no se sabe qué extraños agravios ancestrales. Posee y defiende una causa sagrada (el restablecimiento planetario de la supremacía del islam) y atesora los recursos para perseguir sus planes tozuda y violentamente. Lo único que le falta es un ridículo bigotillo de mosca bajo la nariz.
(...)Tampoco es difícil predecir el resultado final: Irán no logrará su objetivo final, pero la destrucción dejada por ese conflicto será infinitamente mayor que la provocada por la Segunda Guerra Mundial. Si a Churchill le hubieran hecho caso en el año 1935, cuando pidió detener a los nazis a cualquier costo, la humanidad se habría ahorrado sesenta millones de cadáveres y la mayor devastación causada por el hombre que recuerda la historia. Es la hora de releer sus discursos. Y, sobre todo, es la hora de actuar.
(...)El presidente Ahmadinejad, con una desfachatez que debemos agradecerle, puesto que no deja la menor duda sobre cuáles son sus intenciones, ha declarado dos cosas que son para echarse a temblar. La primera es que ''Israel debe ser borrado del mapa''. La segunda es que ''el mundo debe darse cuenta de que Israel no es el único objetivo de Irán, sino, simplemente, el primero''. Algo que no ignoran los argentinos que en 1994 sufrieron un brutal atentado en pleno Buenos Aires, cuando los servicios iraníes destruyeron con una poderosa bomba el edificio de la Asociación Mutual Israelita (AMIA), y que sufren todos los días los habitantes de Israel, árabes y judíos, con los atentados perpetrados por los asesinos-suicidas financiados, entre otras capitales, desde Teherán.
El asunto es muy claro: ante nuestros azorados ojos, sin pausa ni tregua, uno de esos nefastos personajes de los que inevitablemente conducen a la humanidad al matadero va desplegando sus peores rasgos. Es un fanático convencido de que está destinado a cambiar la historia del mundo y tiene en su memoria colectiva la remota grandeza de Persia. Se siente víctima de no se sabe qué extraños agravios ancestrales. Posee y defiende una causa sagrada (el restablecimiento planetario de la supremacía del islam) y atesora los recursos para perseguir sus planes tozuda y violentamente. Lo único que le falta es un ridículo bigotillo de mosca bajo la nariz.
(...)Tampoco es difícil predecir el resultado final: Irán no logrará su objetivo final, pero la destrucción dejada por ese conflicto será infinitamente mayor que la provocada por la Segunda Guerra Mundial. Si a Churchill le hubieran hecho caso en el año 1935, cuando pidió detener a los nazis a cualquier costo, la humanidad se habría ahorrado sesenta millones de cadáveres y la mayor devastación causada por el hombre que recuerda la historia. Es la hora de releer sus discursos. Y, sobre todo, es la hora de actuar.
terça-feira, novembro 22
Blá-blá hertziano
Nas manhãs durante a semana, os portugueses, ou talvez um grupo de habituados, discutem um assunto das notícias do dia no forum da TSF. À tarde, o mesmo tema ou outro é discutido entre mulheres: é o forum mulher, na mesma rádio. Não se percebe bem o que levou os programadores a criar este espaço: como as mulheres podem intervir (intervêm efectivamente) no da manhã e os temas são essencialmente os mesmos, a existência do forum dedicado à intervenção das mulheres poderia ser considerada uma iniciativa reaccionária e retrógrada. No forum mulher é uma jornalista que faz o papel de moderadora, para que aquele espaço não seja contaminado nem ao de leve pela presença masculina. Tratar-se-ia, à primeira impressão, de matar saudades do gineceu ou dos lavores femininos de antigamente, ou simplesmente de dar rédea larga a paleio de mulherio, mas não é nada disso: as discussões são como as outras (as da manhã). Não se percebe, pois, porque é que o forum da tarde não se chama simplesmente forum da tarde e porque é interdita a participação masculina.
Aqui chegados, estamos a um passo de concluir que a TSF discrimina os homens e ficamos a pensar se não deveríamos exigir um forum homem, já. Ora bem, a conclusão seria apressada e a reivindicação supérflua, porque todos os ouvintes atentos sabem muito bem que o androceu em forma de forum já existe há muito tempo: é a bancada central, em horário nocturno. E aí, sim, temos um espaço que não só está na prática vedado às mulheres como devotado a conversa domem, que oscila entre o elogio enternecido ao moderador, ou à equipa ou ao jogador que cada um leva no coração, e o insulto suave. Afloram-se os problemas do tratamento dado ao Ricardo, das atitudes do Sr Pinto da Costa, e chega a filosofar-se em tom desafiante sobre as assimetrias norte-sul e sobre as virtudes do berço de Portugal quando comparado com terras de mouros. O Sr Fernando Correia distribui agradecimentos e concilia os participantes, demonstrando uma eficácia apaziguadora que é característica de espaços muito dados à emoção, como este. Por vezes intervém também uma figura respeitada que é referida como o professor e até declama poemas.
Não, a TSF pode ser excessivamente politicamente correcta mas não se pode dizer que esteja a humilhar excessivamente as mulheres, pelo menos enquanto não criar a bancada-central-mulher.
Aqui chegados, estamos a um passo de concluir que a TSF discrimina os homens e ficamos a pensar se não deveríamos exigir um forum homem, já. Ora bem, a conclusão seria apressada e a reivindicação supérflua, porque todos os ouvintes atentos sabem muito bem que o androceu em forma de forum já existe há muito tempo: é a bancada central, em horário nocturno. E aí, sim, temos um espaço que não só está na prática vedado às mulheres como devotado a conversa domem, que oscila entre o elogio enternecido ao moderador, ou à equipa ou ao jogador que cada um leva no coração, e o insulto suave. Afloram-se os problemas do tratamento dado ao Ricardo, das atitudes do Sr Pinto da Costa, e chega a filosofar-se em tom desafiante sobre as assimetrias norte-sul e sobre as virtudes do berço de Portugal quando comparado com terras de mouros. O Sr Fernando Correia distribui agradecimentos e concilia os participantes, demonstrando uma eficácia apaziguadora que é característica de espaços muito dados à emoção, como este. Por vezes intervém também uma figura respeitada que é referida como o professor e até declama poemas.
Não, a TSF pode ser excessivamente politicamente correcta mas não se pode dizer que esteja a humilhar excessivamente as mulheres, pelo menos enquanto não criar a bancada-central-mulher.
sábado, novembro 19
quinta-feira, novembro 17
Le cauchemar
Hélène Carrère d'Encausse, reputada historiadora e secretária da Academia Francesa, deu o seu ponto de vista sobre a crise à NTV (uma cadeia de tv russa)
Par exemple, tout le monde s'étonne : pourquoi les enfants africains sont dans la rue et pas à l'école ? Pourquoi leurs parents ne peuvent pas acheter un appartement ? C'est clair, pourquoi : beaucoup de ces Africains, je vous le dis, sont polygames. Dans un appartement, il y a trois ou quatre femmes et 25 enfants. Ils sont tellement bondés que ce ne sont plus des appartements, mais Dieu sait quoi !
e à revista Moskovskie Novosti
Oui, la télévision russe ne fait que suivre Poutine pas à pas. Mais la télévision française est tellement politiquement correcte que cela en est un cauchemar. Nous avons des lois qui auraient pu être imaginées par Staline.
O Libération não apreciou.
Par exemple, tout le monde s'étonne : pourquoi les enfants africains sont dans la rue et pas à l'école ? Pourquoi leurs parents ne peuvent pas acheter un appartement ? C'est clair, pourquoi : beaucoup de ces Africains, je vous le dis, sont polygames. Dans un appartement, il y a trois ou quatre femmes et 25 enfants. Ils sont tellement bondés que ce ne sont plus des appartements, mais Dieu sait quoi !
e à revista Moskovskie Novosti
Oui, la télévision russe ne fait que suivre Poutine pas à pas. Mais la télévision française est tellement politiquement correcte que cela en est un cauchemar. Nous avons des lois qui auraient pu être imaginées par Staline.
O Libération não apreciou.
domingo, novembro 13
Para ler
Em Polemia, análise e interpretação - com certeza muito diferente da que passa diariamente nas tvs e jornais - da crise dos subúrbios em França. Um excerto da conclusão politicamente incorrectíssima:
O que precisa de mudar é o discurso dominante dos últimos 30 anos: mesmo que isso não agrade a Bernard Stasi, que lhe deve 20 anos de carreira política e mediática, " a imigração (não) é uma oportunidade para a França", mas um encargo económico e social; não, a integração não funciona, pelo menos para massas tão numerosas provenientes de certas áreas civilizacionais; não, o anti-racismo não facilita a integração, pelo contrário, torna-a mais difícil ao desencadear um racismo ao contrário e a diabolização da identidade francesa; não, o estado-providência e a autarquia assistencial não podem acorrer a todos os problemas económicos e sociais, antes os enraizam e prolongam.
O que precisa de mudar é o discurso dominante dos últimos 30 anos: mesmo que isso não agrade a Bernard Stasi, que lhe deve 20 anos de carreira política e mediática, " a imigração (não) é uma oportunidade para a França", mas um encargo económico e social; não, a integração não funciona, pelo menos para massas tão numerosas provenientes de certas áreas civilizacionais; não, o anti-racismo não facilita a integração, pelo contrário, torna-a mais difícil ao desencadear um racismo ao contrário e a diabolização da identidade francesa; não, o estado-providência e a autarquia assistencial não podem acorrer a todos os problemas económicos e sociais, antes os enraizam e prolongam.
Insensibilidade e falta de senso
Duas notícias dos últimos dias reforçam a minha convicção de que a introdução, na escola, de educação sexual é uma oportunidade ímpar para libertar doses maciças de falta de bom senso que deveriam estar sossegadas a hibernar nas mentes mais diversas.
Por um lado, soubemos que o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual, talvez incapaz de decidir se a dita ES deve ser uma disciplina transversal, longitudinal ou oblíqua, põe agora a tónica na participação dos pais. Eles querem dizer participação activa dos pais na "planificação e execução desta área, numa perspectiva de colaboração com a escola responsável". Excelentes intenções! Estou já a ver milhares de pais a correr para as escolas. É que é já a seguir!!!
Estamos claramente diante da confissão de que a matéria é um alçapão com perigos escondidos e ninguém se quer queimar muito sozinho. Quem sabe se até o Grupo já se apercebeu de que os professores não têm necessariamente mais bom senso do que outros comuns mortais. E, se alguns nem dominam bem as próprias matérias convencionais da sua especialidade, quanto à ES é melhor nem pensar...
A actuação de um professor e um elemento do conselho executivo da escola António Sérgio, em Gaia, que em reacção à homossexualidade de duas estudantes comunicaram os factos aos respectivos encarregados de educação, é um exemplo verdadeiramente chocante de falta de sensibilidade para fazer face a um problema tão delicado. O episódio ilustra, a priori, riscos que deveriam ser avaliados com a maior prudência.
Por um lado, soubemos que o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual, talvez incapaz de decidir se a dita ES deve ser uma disciplina transversal, longitudinal ou oblíqua, põe agora a tónica na participação dos pais. Eles querem dizer participação activa dos pais na "planificação e execução desta área, numa perspectiva de colaboração com a escola responsável". Excelentes intenções! Estou já a ver milhares de pais a correr para as escolas. É que é já a seguir!!!
Estamos claramente diante da confissão de que a matéria é um alçapão com perigos escondidos e ninguém se quer queimar muito sozinho. Quem sabe se até o Grupo já se apercebeu de que os professores não têm necessariamente mais bom senso do que outros comuns mortais. E, se alguns nem dominam bem as próprias matérias convencionais da sua especialidade, quanto à ES é melhor nem pensar...
A actuação de um professor e um elemento do conselho executivo da escola António Sérgio, em Gaia, que em reacção à homossexualidade de duas estudantes comunicaram os factos aos respectivos encarregados de educação, é um exemplo verdadeiramente chocante de falta de sensibilidade para fazer face a um problema tão delicado. O episódio ilustra, a priori, riscos que deveriam ser avaliados com a maior prudência.
sábado, novembro 12
Também os tigres podem ser compreendidos
Pode ler-se hoje no PÚBLICO- LOCAL Lisboa: uma jovem de 24 anos ficou com um braço destruído ao tentar acariciar um tigre na sua jaula, num circo acampado na margem sul. Para a Liga dos Direitos dos Animais, o episódio vem mostrar "o stress permanente em que os animais vivem nos circos". A Presidente da Liga disse que iria solicitar aos grupos parlamentares uma tomada de posição sobre a matéria.
sexta-feira, novembro 11
O rigor e a falta dele
Se eu afirmar:
A causa dos tumultos em França é a imensa disponibilidade dos compreendedores e justificadores de serviço. Os "jovens" sabem que eles acorrem sem demora a desculpar tudo, ou melhor, já estavam a desculpá-los antes de eles terem começado
é natural que me acusem de simplismo e de falta de rigor intelectual. Apesar disso creio que são ainda menos rigorosas determinadas asserções repetidíssimas nestes dias:
A causa dos tumultos em França foi uma frase proferida por Sarkozy.
A causa dos tumultos em França está no falhanço da integração de certa comunidade.
Os que advogam a primeira afirmação estão a um passo de achar justo que, após uma discussão entre dois automobilistas A e B, em que A chama filho da p... a B, B dispara um tiro sobre A.
A segunda afirmação é um soundbite simplista ou com mensagem subliminar escondida. A comunidade de onde emanam os "jovens" não é conhecida pelo anseio de integração, mas, pelo contrário, pelo desígnio de dominar um território onde possa fazer valer as leis dos seus países de origem. Por outro lado, os activistas que comandam os tumultos nem por um segundo tentam dissimular um ódio profundo à Europa. Isso até nas declarações dos tais "jovens" que passam aqui e ali na tv se tem percebido. Portanto, quando se fala de integração neste contexto está-se, com certeza, a dar música aos ouvidos da plateia.
A causa dos tumultos em França é a imensa disponibilidade dos compreendedores e justificadores de serviço. Os "jovens" sabem que eles acorrem sem demora a desculpar tudo, ou melhor, já estavam a desculpá-los antes de eles terem começado
é natural que me acusem de simplismo e de falta de rigor intelectual. Apesar disso creio que são ainda menos rigorosas determinadas asserções repetidíssimas nestes dias:
A causa dos tumultos em França foi uma frase proferida por Sarkozy.
A causa dos tumultos em França está no falhanço da integração de certa comunidade.
Os que advogam a primeira afirmação estão a um passo de achar justo que, após uma discussão entre dois automobilistas A e B, em que A chama filho da p... a B, B dispara um tiro sobre A.
A segunda afirmação é um soundbite simplista ou com mensagem subliminar escondida. A comunidade de onde emanam os "jovens" não é conhecida pelo anseio de integração, mas, pelo contrário, pelo desígnio de dominar um território onde possa fazer valer as leis dos seus países de origem. Por outro lado, os activistas que comandam os tumultos nem por um segundo tentam dissimular um ódio profundo à Europa. Isso até nas declarações dos tais "jovens" que passam aqui e ali na tv se tem percebido. Portanto, quando se fala de integração neste contexto está-se, com certeza, a dar música aos ouvidos da plateia.
quinta-feira, novembro 10
É a demografia, estúpido
Mark Steyn no Spectator:
‘If you outlaw guns, only outlaws will have guns.’ Likewise, if you marginalise religion, only the marginalised will have religion. That’s why France’s impoverished Muslim ghettos display more cultural confidence than the wealthiest enclaves of the capital.
‘If you outlaw guns, only outlaws will have guns.’ Likewise, if you marginalise religion, only the marginalised will have religion. That’s why France’s impoverished Muslim ghettos display more cultural confidence than the wealthiest enclaves of the capital.
quarta-feira, novembro 9
Todos os pretextos são bons para recordar uma obra prima
ACTION
Dear kindly Sergeant Krupke,
You gotta understand,
It's just our bringin' up-ke
That gets us out of hand.
Our mothers all are junkies,
Our fathers all are drunks.
Golly Moses, natcherly we're punks!
ACTION AND JETS
Gee, Officer Krupke, we're very upset;
We never had the love that ev'ry child oughta get.
We ain't no delinquents,
We're misunderstood.
Deep down inside us there is good!
ACTION
There is good!
ALL
There is good, there is good,
There is untapped good!
Like inside, the worst of us is good!
SNOWBOY: (Spoken) That's a touchin' good story.
ACTION: (Spoken) Lemme tell it to the world!
SNOWBOY: Just tell it to the judge.
ACTION
Dear kindly Judge, your Honor,
My parents treat me rough.
With all their marijuana,
They won't give me a puff.
They didn't wanna have me,
But somehow I was had.
Leapin' lizards! That's why I'm so bad!
DIESEL: (As Judge) Right!
Officer Krupke, you're really a square;
This boy don't need a judge, he needs an analyst's care!
It's just his neurosis that oughta be curbed.
He's psychologic'ly disturbed!
ACTION
I'm disturbed!
JETS
We're disturbed, we're disturbed,
We're the most disturbed,
Like we're psychologic'ly disturbed.
DIESEL: (Spoken, as Judge) In the opinion on this court, this child is depraved on account he ain't had a normal home.
ACTION: (Spoken) Hey, I'm depraved on account I'm deprived.
DIESEL: So take him to a headshrinker.
ACTION (Sings)
My father is a bastard,
My ma's an S.O.B.
My grandpa's always plastered,
My grandma pushes tea.
My sister wears a mustache,
My brother wears a dress.
Goodness gracious, that's why I'm a mess!
A-RAB: (As Psychiatrist) Yes!
Officer Krupke, you're really a slob.
This boy don't need a doctor, just a good honest job.
Society's played him a terrible trick,
And sociologic'ly he's sick!
ACTION
I am sick!
ALL
We are sick, we are sick,
We are sick, sick, sick,
Like we're sociologically sick!
A-RAB: In my opinion, this child don't need to have his head shrunk at all. Juvenile delinquency is purely a social disease!
ACTION: Hey, I got a social disease!
A-RAB: So take him to a social worker!
ACTION
Dear kindly social worker,
They say go earn a buck.
Like be a soda jerker,
Which means like be a schumck.
It's not I'm anti-social,
I'm only anti-work.
Gloryosky! That's why I'm a jerk!
BABY JOHN: (As Female Social Worker)
Eek!
Officer Krupke, you've done it again.
This boy don't need a job, he needs a year in the pen.
It ain't just a question of misunderstood;
Deep down inside him, he's no good!
ACTION
I'm no good!
ALL
We're no good, we're no good!
We're no earthly good,
Like the best of us is no damn good!
DIESEL (As Judge)
The trouble is he's crazy.
A-RAB (As Psychiatrist)
The trouble is he drinks.
BABY JOHN (As Female Social Worker)
The trouble is he's lazy.
DIESEL
The trouble is he stinks.
A-RAB
The trouble is he's growing.
BABY JOHN
The trouble is he's grown.
ALL
Krupke, we got troubles of our own!
Gee, Officer Krupke,
We're down on our knees,
'Cause no one wants a fellow with a social disease.
Gee, Officer Krupke,
What are we to do?
Gee, Officer Krupke,
Krup you!
Music by Leonard Bernstein, lyrics by Stephen Sondheim.
terça-feira, novembro 8
"Jean Jacques le Chenadec, tué une seconde fois"
Na morte, os cidadãos não são todos iguais perante as tvs e os jornais.
domingo, novembro 6
Sinais (literalmente) de fogo
Sem surpresa, as interpretações para os motins que estão a alastrar a muitas cidades francesas variam com o posicionamento ideológico de quem toma a palavra. Já por cá tínhamos ouvido o mesmo, em versão de brincar, quando ocorreu (ou não ocorreu, conforme o ponto de vista) o arrastão.
Poderão, contudo, alinhar-se algumas asserções incontroversas: 1) as políticas sociais e de integração de imigrantes em França são um desastre; 2)a tolerância do terror (os distúrbios em território francês não começaram agora), o fechar os olhos à islamização dos subúrbios a pretexto do respeito por outra cultura (a 10km de Paris pode-se praticar poligamia), e mesmo as críticas à guerra do Iraque e aos EEUU, não se revelaram muito úteis aos dirigentes franceses na sua difícil relação com a comunidade imigrante muçulmana.
Também é claro que o ponto de vista dominante nos media é o da vitimização dos "jovens" sublevados (em França como aqui: A. Esteves Martins, na RTP1, comentava ontem que - cito a ideia - incendiar fábricas ou carros "ainda podia compreender-se", já que são símbolos de uma certa prosperidade). Do medo e dos imensos prejuizos impostos às populações afectadas não se fala por aí além. Também passa como muito natural que se vá conferenciar com o reitor da mesquita de Paris e este acabe por exigir do governo (mas não dos amotinados) "palavras de paz".
As pessoas e grupos que adoptam este culto da vítima e do multiculturalismo permissivo acabam por cair numa incoerência que é sintoma, afinal, de hipocrisia e critério dúplice: os mesmos que se comprazem em discutir "temas fracturantes" na sua sociedade "progressista" não se incomodam com a situação das mulheres em comunidades imigrantes; os mesmos que não deixam escapar sem crítica uma intervenção da Igreja, e que recusam reconhecer o papel do cristianismo no cimento da nossa cultura, encaram com naturalidade manifestações de violência apadrinhadas por um poder religioso reaccionário em extremo. No fundo, desprezam, mesmo que seja inconscientemente, as tais comunidades com outras culturas: o que pensam é que, para selvagens, está bem assim, e se isso servir de ajuda às suas posições políticas de vistas curtas, tanto melhor. É também para eles que Ahmadinejad fala: capitaliza apoio e simpatia para quando for apertado.
Os tumultos de Paris são muito mais perigosos do que outros fenómenos do mesmo género a que tenhamos assistido anteriormente. Estes "jovens", mesmo actuando de forma inorgânica, não estão sós: eles vão ser enquadrados por porta vozes religiosos com o poder de amplificar enormemente o conflito e de obter das autoridades concessões políticas. Aos protestos recentes na Dinamarca somam-se avisos na Alemanha, e ontem, numa festa muçulmana em Melbourne, foi distribuído um panfleto incitando os muçulmanos a rebelarem-se contra os governos ocidentais.
Os apelos de dirigentes religiosos muçulmanos no mundo ocidental não têm uma lógica muito diferente dos que recentemente ouvimos na boca do presidente iraniano. Não são combinados mas apontam essencialmente ao mesmo alvo e têm o poder de se reforçar mutuamente. À gritaria inicial, mais mediática, contra o Grande Satã e Israel, segue-se o grito de guerra à Europa - uma Europa que aparenta ter desistido de si e aparece aos inimigos como um flanco escancarado. Esperemos que, quando estivermos distraídos a discutir o próximo tema fracturante, não descubramos de repente que já não nos é permitido discutir nada.
Poderão, contudo, alinhar-se algumas asserções incontroversas: 1) as políticas sociais e de integração de imigrantes em França são um desastre; 2)a tolerância do terror (os distúrbios em território francês não começaram agora), o fechar os olhos à islamização dos subúrbios a pretexto do respeito por outra cultura (a 10km de Paris pode-se praticar poligamia), e mesmo as críticas à guerra do Iraque e aos EEUU, não se revelaram muito úteis aos dirigentes franceses na sua difícil relação com a comunidade imigrante muçulmana.
Também é claro que o ponto de vista dominante nos media é o da vitimização dos "jovens" sublevados (em França como aqui: A. Esteves Martins, na RTP1, comentava ontem que - cito a ideia - incendiar fábricas ou carros "ainda podia compreender-se", já que são símbolos de uma certa prosperidade). Do medo e dos imensos prejuizos impostos às populações afectadas não se fala por aí além. Também passa como muito natural que se vá conferenciar com o reitor da mesquita de Paris e este acabe por exigir do governo (mas não dos amotinados) "palavras de paz".
As pessoas e grupos que adoptam este culto da vítima e do multiculturalismo permissivo acabam por cair numa incoerência que é sintoma, afinal, de hipocrisia e critério dúplice: os mesmos que se comprazem em discutir "temas fracturantes" na sua sociedade "progressista" não se incomodam com a situação das mulheres em comunidades imigrantes; os mesmos que não deixam escapar sem crítica uma intervenção da Igreja, e que recusam reconhecer o papel do cristianismo no cimento da nossa cultura, encaram com naturalidade manifestações de violência apadrinhadas por um poder religioso reaccionário em extremo. No fundo, desprezam, mesmo que seja inconscientemente, as tais comunidades com outras culturas: o que pensam é que, para selvagens, está bem assim, e se isso servir de ajuda às suas posições políticas de vistas curtas, tanto melhor. É também para eles que Ahmadinejad fala: capitaliza apoio e simpatia para quando for apertado.
Os tumultos de Paris são muito mais perigosos do que outros fenómenos do mesmo género a que tenhamos assistido anteriormente. Estes "jovens", mesmo actuando de forma inorgânica, não estão sós: eles vão ser enquadrados por porta vozes religiosos com o poder de amplificar enormemente o conflito e de obter das autoridades concessões políticas. Aos protestos recentes na Dinamarca somam-se avisos na Alemanha, e ontem, numa festa muçulmana em Melbourne, foi distribuído um panfleto incitando os muçulmanos a rebelarem-se contra os governos ocidentais.
Os apelos de dirigentes religiosos muçulmanos no mundo ocidental não têm uma lógica muito diferente dos que recentemente ouvimos na boca do presidente iraniano. Não são combinados mas apontam essencialmente ao mesmo alvo e têm o poder de se reforçar mutuamente. À gritaria inicial, mais mediática, contra o Grande Satã e Israel, segue-se o grito de guerra à Europa - uma Europa que aparenta ter desistido de si e aparece aos inimigos como um flanco escancarado. Esperemos que, quando estivermos distraídos a discutir o próximo tema fracturante, não descubramos de repente que já não nos é permitido discutir nada.
sexta-feira, novembro 4
Previsível
Agora que o fogo está às portas de Paris, é interessante ler este artigo de Theodore Dalrymple publicado em 2002.
quinta-feira, novembro 3
Língua traiçoeira
Lê-se aqui (itálicos meus):
Não obstante, o único momento em que se ouvirá falar português durante a cerimónia será, provavelmente, quando o prémio para o melhor grupo português for anunciado no Pavilhão Atlântico. Blasted Mechanism, Boss AC, Da Weasel, Humanos e The Gift são os nomeados na categoria.
"Humanos" está, obviamente, a destoar (isto já sou eu que digo).
Não obstante, o único momento em que se ouvirá falar português durante a cerimónia será, provavelmente, quando o prémio para o melhor grupo português for anunciado no Pavilhão Atlântico. Blasted Mechanism, Boss AC, Da Weasel, Humanos e The Gift são os nomeados na categoria.
"Humanos" está, obviamente, a destoar (isto já sou eu que digo).
A língua de plástico
Ontem, Soares mostrava espanto por não ser necessária formação filosófica, humanista, histórica ou jurídica para se aceder ao cargo de PR. Eu não estou muito seguro de que a melhor formação para tal fim se situe naquelas áreas, pois admito a possibilidade de que possa estar no domínio das equações diferenciais, da optimização, da mecânica quântica ou da bioquímica. Não tenho dúvidas é de que seria muito proveitoso para o bem estar geral que qualquer dos candidatos se exercitasse na seguinte competência (como se diz agora): fazer uma redacção sobre um tema relevante para o nosso futuro colectivo próximo sem utilizar as cadeias de palavras abaixo listadas
motivo de preocupação acrescida
prossecução do interesse nacional
investigação, inovação, desenvolvimento tecnológico
qualificação de recursos humanos
legítimas aspirações do país (ou destes ou daqueles)
combater a exlusão social
cooperação institucional
esfera da governação
peso do passado
numa base aberta, franca e leal
estratégia de modernização a longo prazo
resposta atempada aos desafios que se colocam
consensos suficientemente operacionais
A lista não é exaustiva.
Seria um bom serviço prestado à saúde da língua portuguesa e especialmente aos leitores e ouvintes de discursos presidenciais.
motivo de preocupação acrescida
prossecução do interesse nacional
investigação, inovação, desenvolvimento tecnológico
qualificação de recursos humanos
legítimas aspirações do país (ou destes ou daqueles)
combater a exlusão social
cooperação institucional
esfera da governação
peso do passado
numa base aberta, franca e leal
estratégia de modernização a longo prazo
resposta atempada aos desafios que se colocam
consensos suficientemente operacionais
A lista não é exaustiva.
Seria um bom serviço prestado à saúde da língua portuguesa e especialmente aos leitores e ouvintes de discursos presidenciais.
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