O actual Presidente da República está em funções há m anos e antes disso foi presidente da câmara de Lisboa n anos. Durante estes m+n anos construiu-se freneticamente em todos os bocadinhos de terreno onde cabia uma escavadora, até se chegar à situação em que existe praticamente o dobro dos apartamentos de habitação necessários à população que temos. O sistema desequilibrou a economia, canalizando o endividamento para um consumo não produtivo, ao mesmo tempo que empurrava as pessoas para emigrarem cá dentro, dos centros das cidades para as periferias manhosas. Financiam-se assim as autarquias, os bancos (já que o imobiliário assumiu o papel de canalizador de poupanças) e, claro está, os construtores. É claro que estes não tinham que estar preocupados com as condições de vida decorrentes das tristes urbanizações que os deixavam fazer. Na própria cidade de Lisboa, ainda assim um paraiso comparado com certos tenebrosos subúrbios, investiu-se pesadamente numa rede de metro que, resolvendo alguns problemas, deixa muitos outros sem solução; as linhas novas colocaram estações intermédias em áreas alvo de construção e sem segurança. Em zonas centrais, rasgaram-se estradas (não ruas), não tendo passado pela cabeça de nenhum responsável o gesto simpático de prever a sua utilização por peões. A cidade tornou-se propriedade dos carros e perigosa fora das horas de ponta.
Vir clamar contra a situação depois da casa arrombada, ainda por cima numa operação do tipo relâmpago mediático para esquecer na semana seguinte, não me parece que seja a função do PR. Ele devia salvaguardar a dignidade das suas funções recusando estes reality shows. Até por uma questão de estética.
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