Não é original fazer a obervação de que a inveja é uma característica nacional. A inveja do sucesso material ou financeiro, ou simplesmente de um salário chorudo, impregna o pequeno mundo português, manifestando-se em todas as classes sociais. É mascarada pela aversão ao lucro, bem aceite por tudo o que se crê bem pensante, e convive bem com a aversão ao risco dentro de regras de jogo limpas, que também é muito nossa.
Há, no entanto uma excepção. Não recordo sinais de inveja relativamente ao mundo do futebol e às suas personagens fabulosas (neste momento estou a lembrar-me de Mourinho). Não há animosidade em relação aos nossos conterrâneos bem sucedidos no futebol, mesmo que ganhem rios de dinheiro, e ainda bem. A excepção pode atenuar os efeitos venenosos do pecado mortal.
A mesma excepção explica que, a par de censuras frequentes à camada difusa de ricos e empresários que escapam aos impostos, estejamos sempre prontos a esquecer as dívidas quando se trata dos clubes, eventualmente disfarçadas de dívidas da "liga" ou outra invenção dessas. A possibilidade de pôr em risco uma temporada de futebol lançar-nos-ia numa depressão que faria com que a seca, a estagnação económica ou o índice de desemprego parecessem brincadeiras irrelevantes.
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