quinta-feira, junho 13

Fintar o fisco

Nos jornais espanhóis sai hoje Messi em primeira página. Messi e o pai, mais precisamente: acusados pela autoridade tributária de um delito fiscal que vale mais de 4 milhões. Tratar-se-ia de direitos de imagem, vendidos a sociedades fantasma situadas nos paraísos, e ocultação da informação relacionada.

Uma coisa banal, presume-se. Messi, o astro que ganha cerca de 30 milhões por ano, suja o nome (é assim que o El Mundo titula, em papel) por uns míseros 4. Surpreendido, Lionel vem declarar que fez tudo dentro da lei. E quem sabe? Com certeza deu instruções aos seus advogados e assessores para lhe tratarem do guito nas condições mais vantajosas, e eles percorreram os caminhos adequados, contornando os buracos convenientes.

A investigação permitirá saber mais, e decidir se Messi infringiu a lei. As defesas terão oportunidade para sustentar que a situação é simplesmente a-legal. Moralmente, a imagem posta à venda está danificada, mesmo que uma imensa multidão de simpatizantes secundarize a escapadela. E, ao lado de suspeitas que pairam sobre figuras da política, em que ao delito fiscal se adiciona o enriquecimento pela via obscura da inserção nas redes do poder, e não pelo mérito de marcar golos e pôr estádios em delírio, o futebolista acabará por sair apenas chamuscado.

 Para já, o Lionel defende-se dizendo que não sabia de nada, seguindo bons e recentes exemplos: se a Infanta não via um boi dos negócios do marido, com quem se deitava todas as noites (achamos nós), não admira que ele, Lionel, estivesse a leste do que andaram a fazer o pai e os assessores.

O El País recorda que Messi não está só, tendo havido investigações do mesmo teor sobre estrelas como Nadal e o nosso Figo.

Também o nosso Público dá conta da notícia. Tal como na maioria de outros jornais, classificam-na na secção Desporto. Só podem estar a referir-se ao desporto de fintar o fisco.

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