A preparação da Copa está em pleno. Até as prostitutas encaram muito a sério o acontecimento, frequentando aulas de um inglês técnico orientado para o domínio da negociação de preços, sem esquecer o jargão apropriado a diálogos sensuais e dissertação sobre fetiches.
Enquanto isso (como se diz no Brasil) está nas ruas aquela revolta a que nos habituámos a chamar primavera. Se no começo o pretexto foi a exorbitância do preço dos bilhetes de ônibus, depressa os protestos evoluíram, ainda que de um modo não organizado, para alvos de maior relevo, atacando a condução de políticas governamentais. A maior originalidade destes gritos primaveris, no entanto, é que não poupa o futebol, apontando sem rodeios o desperdício da construção de estádios. Esta faceta dos protestos tem tanto mais significado quanto é certo que o futebol é desporto e assunto de estimação no Brasil. Ainda que as manifestações e tumultos acabem por revelar inconsequentes, ninguém poderá dizer mais tarde, quando estiverem a pagar as facturas deixadas pelos elefantes de cimento, "na altura própria ninguém se queixou".
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