sexta-feira, agosto 19

Os livros que não lemos

As pessoas públicas que supõem dever mostrar-se kultas aparecem por vezes nas entrevistas citando livros que leram. Por vezes as citações são tão artificiais ou desajeitadas que ficamos logo a duvidar da koltura das ditas. Seria bem mais interessante, numa reviravolta para um procedimento de verdade, abrirem-nos a lista longa dos livros que não leram porque não foram capazes.

E nós, pessoas anónimas? Que grandes livros deixámos por ler? Serão os "grandes livros" realmente grandes? Não falamos da extensão, mas também ela terá um papel nas razões por que os deixámos na estante depois de um manuseio breve. As horas que nos foram atribuidas para permanência neste planeta estão longe de ser sufucientes para lermos tudo o que quereríamos, e agora ainda por cima consumimos tempo com blogs e livros de caras. Mas para além do número de páginas, pode haver outro problema com um livro: ou ele não nos agarra no início ou nós não nos deixamos prender.

A questão foi posta por Umberto Eco num blog do Guardian. Nas respostas e comentários, os leitores referem os livros onde tiveram dificuldade em entrar, ou que abandonaram mesmo. Da lista constam  Ulysses, Don Quixote, Moby Dick, Guerra e Paz, Crime e Castigo e até a Bovary e os Cem anos de Solidão. Destes, eu só li os três últimos e foram inúteis as tentativas de entrar nos dois primeiros. Um comentador aconselha para o Ulysses a seguinte receita: começar pelo capítulo 4; pode-se sempre voltar atrás se se quiser. Quanto à Moby Dick, salte-se a introdução que não faz falta nenhuma. Não sei se irei seguir o conselho. A Bíblia, aprende-se também com os comentadores, como outros grandes livros de poesia, é para ler aos bocados, espreitando aqui e ali.

2 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente, já comecei a ler "O Nome da Rosa" do Umberto Eco por 4 vezes, e 4 vezes o deixei antes de chegar à página 100. Agora estou a ler o Cem anos de solidão, e estou a adorar.

Hugo

lino disse...

Li o Nome da Rosa mas, ao contrário dos Cem Anos, não ficou na memória como um livro favorito e, se alguém me perguntar se o recomendo, avanço logo como uma lista de alternativas para gastar melhor o tempo.