domingo, novembro 23

Quem governa?

Que proposta de avaliação irão os sindicatos de professores dar à luz? Já que afirmam pretender que a avaliação seja focada na vertente científico-pedagógica estou cheio de curiosidade por ouvi-los confirmar que estão de acordo com um exame de acesso à profissão. Pretendem ainda que a avaliação seja aplicada apenas aos professores em vias de progredir na carreira: coisa arriscada esta de evitar a avaliação dos que regridem na carreira.

Seja como for, eu no lugar do Mário teria cuidado com a linguagem: se a descrição da novíssima proposta precisar de recorrer aos estranhos vocábulos de estimação da 5 de Outubro - ficha, grelha, portefólio - as tensões continuarão de pé. Mas o que acho estranho nesta história é o à-vontade com que se acha que os sindicatos estão no seu lugar certo ao virem elaborar propostas de avaliação. Os críticos dizem mesmo "ah e tal mas não apresentaram ainda nenhuma proposta..." Ora, fazer propostas de avaliação compete exclusivamente ao governo e ao ministério da educação: é para isso que os elegemos e são pagos. Se a proposta actual é má, é a ministra que tem que apresentar outra. É a ministra que tem que perceber que há pessoal lunático dentro do seu ministério e fazer-se aconselhar por pessoas competentes. Se não, por este andar mais vale fechar o ministério e deixar aos sindicatos ou a comissões ad-hoc o trabalho de governar. Qualquer dia temos aí os sindicatos a delinear os programas escolares. Aliás, não sei se isso não começou já, pelo menos nos pontos de vista sobre educação para a cidadania, causas da pobreza ou da guerra que são transmitidos em certas disciplinas.