domingo, dezembro 2

Interrogações

Ana Benavente partilha hoje connosco, no PÚBLICO, as suas interrogações e apreensões sobre o governo e o PS. Porque ocupamos sempre os piores lugares nas estatísticas disto e daquilo?, pergunta. Curiosamente, não inclui na pergunta as estatísticas de desempenho dos estudantes em comparações internacionais, em que os alunos portugueses costumam ficar na cauda. Provavelmente é porque não lhe convém recordar que teve responsabilidades governativas na área da educação, e porque afinal nada de bom ficou como rasto da sua passagem pelo governo. De resto, apesar das diferenças de atitude, Maria de Lurdes Rodrigues é uma continuação natural de Benavente sob o signo de Sócrates. A burocratização infernal do ensino-aprendizagem não foi inventada agora: por mais que disfarce, a menorização do papel do professor está inscrita nas teorias pedagógicas subscritas pela doutora Benavente.

Ana Benavente insurge-se contra a criação do prémio para o "melhor" professor. Mesmo descontando a sua aversão às avaliações, está apesar de tudo a ser ingrata, já que o prémio foi atribuído a um colaborador do ministério desde há longa data, ao longo de vários governos do centrão, incluindo aquele de que Benavente fez parte, e em consonância com muitas das suas ideias. (O vencedor tem outros méritos, quanto a mim mais sólidos, mas também esses deixam Benavente indiferente.)

No fim do artigo, escreve: "As únicas críticas sistemáticas às agressões quotidianas à liberdade de expressão são as do Gato Fedorento". A professora só pode estar distraída: um telespectador atento não precisa de estudos sociológicos para ver que os Gato Fedorento desempenham, no presente, a função de descompressão do teatro de revista de outros tempos.

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