segunda-feira, julho 2

Llosa sobre Revel

... um dos intelectuais mais lúcidos do tempo que vivemos, um escritor que, como Orwell - com quem tanto se parece - no período que lhe coube, salvou de certa forma a "honra do espírito" defendendo a liberdade quando tantos intelectuais a traíam por oportunismo, fanatismo ou cegueira, e denunciando sem descanso todas as imposturas que por obra das modas, da vaidade ou da simples vacuidade empobreceram o ofício do intelectual contemporâneo.

Ninguém antes dele se atreveu a assinalar que boa parte dos escritos de Lacan, Derrida, Pierre Bourdieu e outras estrelas da inteligência francesa não eram incompreensíveis por serem profundos, mas sim porque, por detrás da sua escuridão verbal, havia só pretensão, vazio e lugares comuns envoltos em retórica impenetrável...

Revel [...]começou dizendo no Ladrão na casa vazia que, ao contrário de muitos colegas, muito satisfeitos consigo mesmos, ele passara a vida a enganar-se e a arrepender-se dos próprios equívocos. Dizia-o e acreditava-o.


(Excertos de um texto de Mario Vargas Llosa, que hoje, em Madrid, recorda Revel e apresenta o Ladrão na casa vazia.)

1 comentário:

Orlando disse...

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