sábado, julho 10

96.6, onda em extinção

Soube ontem que o Rádio Clube acaba esta semana. Não fico muito surpreendido: a recente troca de frequência com a M80 já seria um prenúncio do fim agendado.

Em Portugal não há crítica de rádio. As estações debitam playlists ou palavreado, certamente há resultados de audimetria, mas não é claro quem gosta ou deixa de gostar ou por que desígnios algumas emissoras encerram e outras nascem ou se mantêm no ar.

Agora no lugar do RCP ressuscitam as músicas dos anos 60 e 70. Admito que se trate de resposta aos anseios de um nicho de audiência com núcleo forte nos velhotes que nunca mudaram de ideias nem de gosto na vida. Para mim é uma má notícia: O RCP foi uma estação de rádio diferente da cinzenta maioria das outras. Realizou com sucesso o projecto de ser uma rádio de conversa, o que não é coisa menor. A conversa no RCP era pelo menos mediamente interessante, às vezes inteligente e frequentemente bem humorada. O mesmo se pode dizer do comentário em política e economia.

Agora ficaremos, em vez disso, com mais um gira-discos. Em Portugal nunca tivemos uma Radio 4 ou uma France Culture. A conversa ficará a cargo das Antena 2+1 e da TSF, onde a programação com base na palavra oscila quase toda entre o pretensiosismo insuportável e umas intervenções institucionais tão suporíferas como a leitura do Diário da República. E destas não nos livraremos jamais. A nossa factura da electricidade e, talvez, a publicidade, cá estarão para lhes garantir longuíssimas vidas.

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