Conta hoje o PÚBLICO que o Ministério da Educação prevê ao milímetro as frases que os professores podem e devem articular durante os próximos exames, perdão, provas de aferição. Este obsessão de controlo total não tem nada de novo. É própria daquele ministério e tem-se manifestado abundantemente, independentemente dos governos. A chuva torrencial de normas que inunda as escolas tem sido, de resto, uma das causas do mal estar recentemente evidenciado pelos professores.
Mas há já muito tempo que a controleirite é visível noutros âmbitos. Um deles é o dos programas das disciplinas. Um programa defeituoso ou mesmo mau tem uma importância relativa porque um professor inteligente e com bom senso pode sempre subvertê-lo; mas como nem a inteligência nem o bom senso estão distribuídos com generosidade e como os autores de manuais têm de seguir os programas oficiais, é claro que maus programas têm efeitos perniciosos.
Vou dar um pequeno exemplo. No programa do 11º ano de Matemática "explica-se" na página 8 como introduzir as noções de raiz quadrada, cúbica, etc, e como ensinar as operações com símbolos de raízes. O programa não explica nada de jeito nem dá nenhuma ideia aproveitável sobre este ou outros assuntos, mas é muito apressado a espartilhar a acção do professor impondo-lhe uma barreira ridícula e sem sentido com a frase seguinte:
Grau de dificuldade a não ultrapassar:
A tónica geral dos programas oficiais (pelo menos no caso da matemática para o ensino secundário) consiste numa grande vacuidade sobre a substância das matérias a ensinar e em doses maciças de ideologia para balizar a acção do professor.
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