segunda-feira, março 24
O amor nos tempos do fisco
Hoje acordámos a saber que os nossos dirigentes vão apertar o crivo em torno de fotógrafos, floristas e restaurantes que trabalham para festas de casamento. Não me parece que estejam a raciocinar bem. Levantam um clamor enorme por bem pouca coisa. Dou-lhes uma sugestão gratuita e desinteressada. Pensem que ao longo de cada casamento pode haver dois ou três amantes de vários sexos a quem se oferecem prendas e jantares com alguma regularidade, sempre sem guardar recibo. Sim, nenhum esposo ou esposa no seu perfeito juízo se arriscaria a ouvir bocas do género: "o que é que andaste a comprar no Torres Joalheiros, se eu só faço anos daqui a seis meses?" ou "Hás-de explicar-me quem é que levaste a jantar ao Guincho no dia em que me disseste que tinhas uma reunião". Por isso, também não é com multibanco ou cartão de crédito que se fazem esses pagamentos, para não aparecerem de surpresa em extractos comprometedores. Há por isso aqui um vasto campo de intervenção. Não basta o levantamento universal do sigilo bancário. É necessário proibir a circulação de dinheiro em papel e conceder benefícios fiscais aos cidadãos que denunciem comportamentos suspeitos do outro membro do casal, a fim de se poder desencadear a investigação competente. Fisco e cônjuges traídos poderão dar as mãos no combate à evasão fiscal e ao adultério, dois pecados tenebrosos que tendem a encobrir-se.
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