No PÚBLICO de 11/05, Luís Campos e Cunha propõe quatro medidas para o ensino superior com as quais estou de acordo.
A primeira consiste em não autorizar programas de doutoramento em áreas nas quais as unidades de investigação de uma dada instituição não estejam classificadas como "muito boas" ou "excelentes". De facto, esta é uma condição necessária mínima para garantir qualidade. No entanto, quando olhamos o problema de mais perto, é fácil compreender que nem com uma tal medida a qualidade fica garantida.
A principal razão é que os tempos modernos, e sobretudo os pós-modernos, erodiram e perverteram o significado de "investigação", de "área científica", e o do exame de "doutoramento" que lhes pode estar associado. De outro modo não seria possível encontrar "teses de doutoramento" com títulos como Educação Matemática e Conflitos Sociais (Un. Campinas, Brasil 2005), O nexo "geometria fractal - produção da ciência contemporânea" tomado como núcleo do currículo de matemática do ensino básico (Rio Claro, Brasil 2005), Cultura organizacional em contexto educativo : sedimentos culturais e processos de construção do simbólico numa Escola Secundária (Un. Minho, 2003) e muitos outros que aborrece citar. Os exemplos são igualmente numerosos lá fora. Em http://www.people.ku.edu/~jyounger/lgbtqprogs.html podem consultar-se programas de mestrado e doutoramento que falam por si. Por exemplo "East German Women's Struggle to Resist the Strengthening of Traditional Gender Roles in Reunified Germany", é o título delicioso da tese de uma professora da George Mason University, muito vocacionada para questões de género. (Curiosamente, numa universidade tão cheia de feministas, os estudantes muçulmanos impõem agora as suas regras num espaço de meditação, requerendo áreas separadas para homens e mulheres.)
É claro que unidades de investigação nestas áreas, sendo avaliadas pelas sumidades comprometidas com as mesmas ideologias, podem com facilidade ser classificadas de excelentes. A infecção alastra entre elogios.
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