O filão do desastre climático já conduziu ao óscar: assunto encerrado. Mas a indústria das verdades convenientes veio para ficar. James Cameron (do "Titanic") dá hoje em Nova York uma conferência de imprensa sobre o assunto da sua nova produção. O cineasta afirma que a sua equipa terá descoberto a sepultura de Jesus Cristo. Tem provas até baseadas em DNA! Um dos subprodutos da descoberta é que a crucificação não existiu. Claro que pode haver algumas objeccçõezinhas aborrecidas, mas não incomodarão muito. E nada disto envolve riscos físicos, pois não é natural que algum cristão fanático condene à morte o produtor. Por outro lado, a teoria dá jeito: recupera e ultrapassa o caminho aberto pelo "Código" e aproveita a disponibilidade do público por ele criado; e pode acabar de vez com a guerra dos crucifixos. Ainda por cima, acaba por sustentar o ponto de vista do Islão segundo o qual Jesus, um profeta como os outros, não foi crucificado. Por acaso acho que isto é só coincidência, mas o que é certo é que, deste modo, o sucesso do filme ameaça meter no bolso o do ex-vice presidente convertido à climatologia.
Até agora, julgávamos que era a ciência que nos desvendava os segredos do mundo. Habituemo-nos: esse papel passou para as objectivas de Hollywood. É mais rápido e chega logo ás multidões, sem passar pelo enfadonho processo de revisão pelos pares.
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