sábado, janeiro 20

Conversas com mulheres em fundo

A estupidez de algumas intervenções de bispos, padres e certos grupos de católicos-pimba no duelo pelo "não" dá fôlego a intervenções inúteis dos advogados do sim. Rui Tavares, por exemplo, no PÚBLICO de hoje, refere "ameaças sérias" e "ilegais" e "chantagem" sobre os votantes. Acreditará mesmo que a excomunhão suscita temor, aqui, hoje? Quando se trata de religião, a visão crítica "progressista", ao diabolizar tudo o que tem a ver com catolicismo, não faz mais do preparar o caminho a outras ameaças, mais próximas e sérias, em termos do espaço europeu, do que a distracção permite entender. A esquerda ocidental parece nem avaliar até que ponto já venceu ideologicamente (não por mérito próprio) a batalha contra a crença religiosa. Já não há inferno. E mesmo os "crentes" não levam a sério a maior parte dos textos bíblicos que, de resto, apenas uma ínfima minoria conhecerá.

Ontem, na SIC-Notícias, repunha-se uma intervenção de Pilar del Rio, uma presença encantadora e envolvente. Ponto forte foi a força das mulheres e a submissão a que são sujeitas a nível global. Pelo meio da entrevista, e a propósito dos livros de Saramago, referiu-se várias vezes à opressão vinda do catolicismo e, claro, a Inquisição marcou o ponto.

Num filme mais recente, Ségolène acaba de anunciar que a sua primeira lei visará defender as mulheres que sofrem maus tratos.

Não há progresso social compatível com a discriminação das mulheres. Espanha e França têm segmentos importantes de população que, com base em princípios religiosos, assumem a inferiorização das mulheres. Se não o soubéssemos já, não seria por Pilar ou Ségolène que o ouviríamos mencionar.

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