quarta-feira, julho 5

Vá lá, não vou deixar passar o dia sem falar de futebol

1. Há bocado a SIC passou, cheia de gozo, declarações de um jogador da selecção francesa mostrando que não distingue o Scolari de um jogador e exibindo igual desconhecimento sobre a equipa que daqui a umas horas vai reduzir a pó quem canta de galo. Não devem ter percebido que a pretensa ignorância é fingida e tem raizes no desprezo pelo adversário. Ou então o declarante é um leitor compulsivo de Pacheco Pereira (de quem a SIC não terá lata para rir).

2. O mundial não vem bafejar de optimismo apenas o homem da rua. Tambem o Movimento já não sei de quê, no impasse desde a derrota de Alegre por falta de assunto, encontrou o seu leit-motiv. Escreve hoje no PÚBLICO o poeta que Portugal tem nas mãos a missão de patrono dos pequenos, dos desditosos na mó de baixo (palavras do New York Times!) Por todos os oprimidos, periféricos, esquecidos, contra os grandes e dominadores, onde hoje se inclui a França, avante portugueses, por todos os deserdados do mundo! exorta Manuel. Assinale-se que o texto contém a importante descoberta da parte sã dos Estados Unidos: a minoria que fez do futebol uma forma de resistência aos gostos dominantes. Aguarda-se para ver em que categoria de militante se vai enquadrar Scolari no Movimento. O pior é que o pacote vai ter de incluir Nossa Senhora.

3. Recebi um sms de número desconhecido com um texto sobre a façanha que vamos concretizar à noite. Como nas mensagens de oração, pedem-me que envie aos amigos e não corte a corrente. Estou na dúvida se a ideia se deve à volúpia do lucro das sinistras operadoras de telecomunicações ou à candura e sentido de missão dos apoiantes do Movimento. Seja como for, se acabar por não obedecer, é por falta de tempo.

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