Escreveu livros e artigos sobre arte, literatura, feminismo e política. Professora na University of the Arts in Philadelphia. Excertos de declarações em entrevista por Robert Birnbaun, 3 de Agosto
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Para responder à grande arte, as pessoas de esquerda têm de aprender sobre o impulso religioso. Eu respeito o misticismo e a dimensão espiritual, embora não acredite em Deus. E afirmo que o humanismo secular actual, ao denegrir a religião, é meramente reaccionário, corrupto, ou o que se queira.
Os artistas, as universidades, as escolas, têm a obrigação de trazer a arte para primeiro plano. Em vez de 30 anos a dizer mal da cultura ocidental...
Sou pelo multiculturalismo. Tem a ver com as grandes tradições artísticas, sejam chinesas, hindus, seja o que for que percorremos em termos históricos – valor, grandeza, qualidade. (...) A ideia de qualidade tem sido afastada da discussão sobre a arte nas nossas universidades porque “Bem, não passa de uma máscara da ideologia. Não existe valor. É tudo subjectivo. Para quem quer manter o próprio poder.” É este lixo que se ouve.
Estamos a ter pior escrita, pior arte. O estilo da web(…) absorve-se informação sem ler frases completas. Email, blog, tudo é rápido, rápido, rápido. Por isso a qualidade da lingaugem degenerou.
Compete aos professores repor o equilíbrio a favor da arte e é aí que a educação na América está a falhar. Há uma espécie de mentalidade boazinha, humanitária, estilo “Vamos à nossa quota, vamos ler o poema tal do Africano-Americano, o poema tal do Nativo Americano.” De qualidade não se fala. (...) A extrema direita quer proibir o que tem a ver com sexo – nus na história da pintura. A esquerda quer proibir o que tem a ver com religião.
A maior parte das pessoas que são humanistas seculares crêem que estão a proceder bem. Estamos a proceder bem e o nosso único inimigo é a extrema direita ancorada na Bíblia. A razão por que é esta a ameaça é que eles têm a Bíblia. A Bíblia é uma obra prima. A Bíblia é uma das maiores obras já produzidas. Quem tem a Bíblia tem uma preparação para a vida. Não só dispõe de uma visão espiritual, como também goza de satisfação artística. Na Bíblia está tudo. A esquerda o que tem? Tem muita atitude.
Os esquerdistas supostamente falam pelo povo. Na verdade desdenham do povo.
O ponto é que as pessoas não estão a votar contra os seus interesses. O seu interesse é o capitalismo. É esta a minha objecção. Comparando a experiência do século 20, o socialismo numa nação acaba por arrastar a estagnação económica e do impulso criativo. O capitalismo, apesar de todos os seus defeitos, apesar de ser Darwiniano, fabricou uma qualidade de vida elevada. E, esta é para mim a questão principal como feminista: foi o capitalismo que permitiu a emergência da mulher independente moderna, liberta pela primeira vez de pais, irmãos e maridos – uma mulher que se basta a si própria.
É preciso varrer toda esta droga pós-modernista e estruturalista que não produziu nada a não ser postos académicos, promoções e salários de sucesso. Esta ingenuidade da imprensa alternativa a respeito da academia. A ideia de que gente que balbucia trivialidades esquerdistas é de esquerda. Conheci gente dessa na universidade. São apenas materialistas grosseiros, ok?
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2 comentários:
Tenho que confessar que tenho um fetiche intelectual intenso pela Camille Paglia desde que li o seu magnifico "Sexual Personae". Tinha lido este texto no original e é interessante vê-lo aqui reproduzido.
Tenho só a contestar que o que se vê hoje em acção não é o capitalismo, que eu aprecio, mas algo que por falta de termo melhor eu chamaria de "Corporate Statism". É uma degenerescência que acontece quando o capitalismo envelhece. O poder económico tende a concentrar-se em poucas mãos e de seguida essas mãos tomam o poder político. Um verdadeiro capitalista (à maneira da Ayn Rand) deseja um estado que não interfere na competição livre. Um estado pequeno que serve apeans de árbitro. As grandes corporações de hoje não são capitalistas. Desejam um estado grande, que elas controlam. E que lhes permite esmagar a competição. A questão das patentes de software tem tudo a ver com isto.
Isto desvirtua o capitalismo, que, como Paglia afirma, foi o responsável pelo conforto e riqueza de que gozam as nossas sociedades.
Quanto á religião, é uma tendencia natural do ser humano. Eu ja andei a cheirar em volta de muitas delas. A procura do transcendente é natural, e é doentio querer "proibi-la". Mas ha uma diferença grande entre querer proibi-la e querer proibi-la de nos proibir o pensamento. É preciso mantê-la no seu lugar, e com isto creio que a C. Paglia concordaria veementemente.
Não estou completamente de acordo com o comentário de omwo relativamente ao Corporate Statism. Se de facto este existe, pelo menos até um certo ponto, não é o regime real. Existe algum estatismo corporativo, mas quem controla as corporações (o respectivo management) não são os mesmos que controlam o respectivo capital.
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