Em Memórias de duas jovens casadas, que, sem ser do melhor Balzac, é uma novela epistolar notável, há uma passagem deliciosa em que Louise descreve o choque que sente ao verificar que, na grande cidade, não é alvo de atenção, apesar de ser uma rapariga bonita:
Finalmente vi Paris! (...) Eu ia bem vestida, com ar melancólico mas disposta a rir, rosto calmo sob um chapéu lindíssimo, braços cruzados. Não obtive o menor sorriso, nem um só rapaz se dignou parar, ninguém se voltou para olhar para mim, e no entanto a lentidão da carruagem estava em harmonia com a minha pose. (...) Um homem examinou demoradamente a carruagem sem me prestar atenção. Esse lisongeiro devia ser cocheiro. Enganei-me na avaliação dos meus trunfos: a beleza, esse privilégio raro que só Deus concede, é, pois, mais frequente em Paris do que eu pensava.
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