Costumo sentir-me bem dentro das livrarias. Mas tive uma experiência insólita um destes dias numa, digamos assim, livraria. O relance rápido do olhar pelas estantes, em busca de títulos que apeteça levar para casa, terminou com uma estranheza pouco comum: nenhum livro comunicava comigo. Como se eles e eu estivéssemos em planetas diferentes. A voo de pássaro, digamos que em primeiro lugar se escancarou à minha frente um livro com os pensamentos e o universo de Paulo de Carvalho. Depois, em destaque no expositor, um outro com o subtítulo "A nova Terra - uma revolução política, económica e ambiental" e com a seguinte advertência na capa: "um livro que o poder económico e político não quer que seja lido mas que todos o devem ler" (sic). Mais à frente, a obra de ficção "Cristiano, paixão irresistível", com um enredo que se anuncia tórrido: Cristiano é um padre jovem, atraente, irreverente e revolucionário, admirado pelas donzelas. Por ele se apaixona uma catequista (belíssima). Ele resiste com elegância à tentação da carne ao mesmo tempo que combate o fariseu Epaminondas. Nesse quadro de emoções emerge a cidadania como pano de fundo. Não sou eu que digo. Eu não invento nem uma palavra.
Termino declarando que aceito sem choque o facto de haver leitores para estes livros e todos os outros que lá estavam.
Sem comentários:
Enviar um comentário