domingo, setembro 30

Post amargo e irritado

Para que serve? para "socializar", para "integrar". Qual é o espanto? Todos estamos habituados a essa rotina necessária: quando somos apresentados a pessoas com quem vamos provavelmente partilhar espaço ou actividades, é natural esperar que numa fase inicial elas nos obriguem a beber vinagre (se não forem muito mazinhas)  e a limpar-lhes a retrete, a fim de facilitar a amizade e a camaradagem no dia a dia.

É da praxe que no início do ano lectivo há notícias de estudantes atingidos, por vezes de forma violenta, pelas consequências dessa actividade inominável, tão estúpida e pirosa como o nome que lhe dão. Já se viu que as escolas não têm capacidade de refrear a prática. As claques de cultores falam dela como "tradição", mas em vez disso deviam dizer "importação" de mau gosto. Em Lisboa a praxe é moda recente, e nas universidades de província tem de o ser por força, porque todas elas são recentes. A instituição de uma longa época de brincadeira estudantil que se estende pelos primeiros meses do ano escolar é contemporânea da massificação descontrolada do ensino superior. A degradação de qualidade não é o único dano colateral do processo: ele arrastou a deterioração do nexo entre universidade e cultura ou élites. As manifestações inocentes desta quebra são a adopção maciça do trajo ridículo com que a estudantada se passeianas aulas e pelas ruas, e a presença dos Quins Barreiros deste país nas festas académicas. No seu pior, a estupidez afecta a saúde ou a vida.

3 comentários:

Carlos Rito disse...

Custa-me aceitar que aquela juventude académica, tão ordinária no palavreado, tão porco e parco de imaginação nas figuras que obrigam os novatos a representar, no futuro, depois de uma ou várias passagens pelas universidades de verão, serão os "boys" introduzidos pelas máquinas partidárias em lugares de decisão nos domínios da (des)governação.

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o que dizes. Só não o faria da forma irritada que se adivinha nas tuas palavras porque estou mais distante dessa realidade que descreves.
É uma prática estúpida que não acrescenta nada a nada nem a ninguém. E quanto a tradição...só Coimbra é que tinha disso no nosso tempo. E nós abominávamos tal coisa!
Este ano li que no ISCSP tinham posto os caloiros a pintar um lar de idosos, 3 casas e uma creche no bairro do Casalinho da Ajuda.
É menos mau.
Abç
MEG

Anónimo disse...

de provincia... e Coimbra?
Sou absolutamente, definitivamente contra essas práticas onde a estupidez se junta à... estupidez!