quinta-feira, setembro 6

Crise da Economia como área de conhecimento

Um breve artigo de Howard Davies, ex-director da LSE e primeiro presidente do FSA, levanta uma discussão aparentemente informada, com muitas palmas e pateada também. A controvérsia ilustra a desconfiança que alastra, mesmo entre os entendidos, sobre os caminhos da Economia e dos estudos financeiros. Até que ponto os modelos matemáticos, e os métodos importados da Física e da Engenharia, constituem um contributo de valor para construir uma ciência da economia? Não teremos andado a iludir-nos e a perder tempo, que melhor teria sido utilizado estudando bem a história, a sociologia e procurando compreender como agem as instituições? A resolução dos problemas com que nos deparamos dependem mais de decisões políticas ou de conhecer o comportamento das soluções de um problema em análise estocástica?

Não há consenso sobre a mínima coisa. Se muitos criticam a ausência de previsão da crise, logo outros clamam que houve quem previsse, sim senhor. Mas uns terceiros põem em causa o valor da previsão em face dos modelos disponíveis: quem acertou, acertou só por ser um pessimista incorrigível. Mas também estes não ficam sem resposta: os pessimistas foram ignorados interesse das instituições, tanto financeiras como reguladoras.

A matematização de uma área do conhecimento é um requisito maior para lhe conferir credibilidade e carácter de "ciência". Mas os modelos matemáticos têm um valor limitado e devem ser lidos com prudência quando estão em jogo comportamentos de pessoas e instituições de grande complexidade e que podem fugir aos axiomas da teoria.

Em vez de castigar a incipiente "ciência" económica e financeira, pode ser mais útil subir a fasquia de exigência aos dirigentes políticos e aos reguladores e perguntar, afinal, para que servem estes. E não perder de vista alguns princípios de bom senso no planeamento a longo prazo. Por exemplo, que o dinheiro não nasce do ar nem das leis. Que não é razoável gastar mais do que aquilo que é expectável que venhamos a ter. Ou que quando os governos privam os cidadãos de uma parte importante da riqueza para realizar investimentos que a muito poucos servem, ou a produzir o que só pode ser comprado à força, é provável que a factura venha a ser dolorosa para a maioria.

1 comentário:

Anónimo disse...

shgyin 30iranontTá visto que o Sr. bloguer mergulhou já nos afazeres de início de ano lectivo...
Deixou de andar por aqui!
Abraço
MEG