domingo, março 4

A carruagem nº 4

Os sindicatos espanhois preparam-se para grandes movimentações de massas no próximo 11 de março. Em homenagem às vítimas do atentado de há 8 anos, dizem eles, que curiosamente ainda não se tinham lembrado delas. Os pilotos da Iberia tiveram o bom senso de marcar uma das suas greves para uma semana mais tarde, coincidindo com o dia de S. José que sempre é um santo operário como eles.

Entretanto, enquanto a casa real é seriamente salpicada com relatos sobre tropelias financeiras do genro do rei e Rajoy grita o seu Arriba España! enfrentando a UE, é com muita discreção que os jornais anunciaram há dois dias que o procurador geral ordenou a investigação dos restos da carruagem nº 4 do comboio de Santa Eugénia. Aparentemente, só falaram do assunto o Libertad Digital e, por razões opostas, o El País. Contrariamente às outras carruagens, a nº 4 não foi completamente desmantelada e poderia conter vestígios que (finalmente) produzissem prova do explosivo utilizado pelos terroristas. O jornalista que conduziu a longa e paciente investigação para descobrir os restos do nº 4 explica aqui a importância que atribui ao achado.

Mesmo entre os que acreditam que o julgamento do 11 de Março se baseou em factos fabricados e ocultação de provas, é cautelosa a esperança de que a análise dos vestígios traga novidades significativas. Tanta é a cautela que alguns comentadores já elaboram conspiração em 2º grau: polícia e investigadores fieis ao governo anterior e à verdade oficial poderiam ter contaminado o nº 4 com o explosivo que é mencionado na sentença.

Escreveu Mateus que  nada encoberto deixará de ser revelado, e nada oculto deixará de vir a ser conhecido. O que não sabemos da vida mostra o contrário.

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