Discutiu-se muito nos últimos dias sobre se Kadhafi teria sido executado. Em alguns círculos ansiava-se pelo resultado da autópsia. Entretanto, as fotos e videos já circulavam na net. O El Mundo descrevia há dois dias pormenores de calafrio, que incluiram sodomização com estacas. As versões mais depuradas falam de uns puxões de cabelo e tiros. Mau fim para o homem que há quatro anos montava a sua tenda nos ocidentais parques, onde era recebido com grandes mostras de hospitalidade.
Depois tivemos a peregrinação ao frigorífico onde o cadáver foi colocado, mostrada nas televisões, e finalmente o anúncio de uma espécie de Primavera dos Islamistas feito pelo homem forte do Conselho Nacional de Transição.
Como é que aqueles que designamos como intelectuais vêem tudo isto? Bernard Henry Lévy, cujas últimas intervenções de relevo na esfera pública foram o apoio a Sarkozy para intervir militarmente na Líbia e a defesa de DSK classificando o episódio de Manhattan como armadilha montada por uma femme de chambre, comoveu-se ontem por escrito com o que lhe parecia até agora uma insurreição quase exemplar. O choque começa com a revelação da careca do defunto tirano, que "nos habituáramos" a ver em turbante, e mesmo tentando rememorar as "nossas" selvajarias paralelas (1979, Mussolini pendurado pelos pés, Ceausescu...) Henry Lévy não descansa. Diz ele que este pode ser o ponto de viragem em que as coisas começam a resvalar para o lado oposto. Romântico como se confessa, termina dizendo-se convencido de que tudo vai acabar bem.
Há surpresas nisto tudo? Só as do próprio BHL. Quando o turbante nos não permite suspeitar de uma careca, tamém é natural que se confunda uma operação de guerra que envolve os aviõezinhos da NATO com uma insurreição pela democracia onde tudo está a correr bem.
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