A presunção de inocência é uma atitude civilizada por que vale a pena batermo-nos sempre. Mas dar-lhe valor e acatá-la não implica que abdiquemos das nossas intuições e do simples bom senso de tentar compreender a realidade através das explicações mais simples. Frequentemente, os que gritam "cabala" quando os factos não lhes são agradáveis têm de se contorcer em explicações tão complicadas que acabam, eles, por parecer autores de cabala. Os exemplos são abundantes. Dito isto, e esperando para ver o que dá o recente caso DSK, parece que Bernard-Henry Lévy poderá ter ido longe demais no que escreveu ontem sobre DSK. David O'Hare dá aqui uma "tradução" abreviada* e com algum humor:
DSK is my friend, and I am Bernard-Henri Lévy. How dare these people of no importance treat him as though he has been credibly accused of a violent crime! He has a wife, with whom I, BHL, have dined, at parties with witty and charming Important People, and to speak publicly of any of this is victimizing her. To show my loyalty to this member of my privileged and superb tribe, I am going to make up nonsense about how rooms are cleaned in New York hotels, and assert, in my most magisterial way, that the US criminal justice system has a presumption of guilt. I have been to America, and I know about these things. The idea that a chambermaid is permitted in that vile country to accuse a Man of Great Importance! That a servant is permitted to trip up the great enterprise of my beloved French socialism! That if my seductive, charming, friend DSK, who loves the ladies, especially his own three, has forced himself on women they are supposed to be seen as victims – the nerve!
*não dispensa a leitura do documento original.
(Via um comentário no Harry's Place)
Adenda: Pelo menos [BHL] não mencionou Dreyfus, comenta Maureen Daud no NYT.
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3 comentários:
se o sr. não compreende o francês talvez fosse preferível não colocar no seu blog uma tão péssima tradução feita do texto original escrito por BHL deste sr david 0'hara que introduz cinicamente este tom de humor que não existe no texto original
é bem lamentável e vergonhoso o trabalho de tradução do sr david 0'hara
Caro Anónimo: garanto-lhe que tenho bom domínio do francês.
Está mais que visto que o anónimo não percebeu que o texto do O'Hara não é mais que uma paródia ao texto original.
Mas também li o original (em inglês, porque não domino bem o francês) e não percebo a razão para tanto alarido. Eu sou mais de esperar para ver.
Hugo
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