sábado, abril 3

Protecção pelos ímpares

Ao processo de revisão pelos pares, correntemente usado na validação possível da literatura científica, há quem queira agora acrescentar o da protecção por ímpares.

Não há outra maneira de ler as coisas: o Le Monde de 1 de Abril dá conta, sem blague, da carta de 400 climatólogos à ministra do ensino superior e da investigação e às cúpulas dos principais organismos públicos ligados à investigação científica. Que preocupa os 400? A exposição pública recente de dois outros cientistas, Claude Allègre (ex-ministro) e Vincent Courtillot, que se têm manifestado no sentido de "denegrir as ciências do clima". Irrita-os particularmente o livro Imposturas Climáticas que Allègre acaba de publicar, e, em menor grau, o livro Nova viagem ao centro da Terra de Courtillot. Os signatários pedem às autoridades que exprimam publicamente "confiança nos seus trabalhos" face aos detractores.

Nous sommes véritablement ulcérés de voir la présentation continuelle et réitérée de données fausses, de graphiques faux. C'est pour nous une situation extraordinaire à laquelle nous ne sommes pas préparés

Ontem, o Le Monde publica uma resposta de Courtillot, que reafirma a essência do que tem vindo a dizer: que o IPCC não é detentor da verdade.

Os 400 afirmam, a certo passo,

Dans tous les cas, la publication de ces affirmations témoigne d’un sentiment d’impunité totale de la part de leurs auteurs,

curioso vocabulário que nos leva a pensar em episódios da história da ciência de há uns séculos atrás.

Não sabemos que atitude vão tomar os órgãos de poder interpelados, mas não será de ânimo leve que irão apoiar os peticionários. Basta lembrarem-se do grande "sucesso" nas recentes eleições locais, para o qual a prometida taxa de carbono pode ter dado uma ajudinha. Há mais olhos abertos à medida que o tempo passa.

3 comentários:

Anónimo disse...

:)

É curiosa a atitude de alguns cientistas (e aprendizes de cientistas) que não têm nada a ganhar com a religião do clima. Estão preocupados com o facto de os leigos poderem "perder a fé" na ciência.
Infelizmente parece que a ciência é para muita gente mais uma religião.
Temos de ir pregar contra esta heresia...

on

Jorge Salema disse...

Acho muito interessante que os direitistas neguem as alterações climáticas de origem humana. Adoram faze-lo sempre que podem. Interessante..... Para mim é um alivio que o façam. Lembram-me com renovada certeza as razões pelas quais não sou às direitas.

lino disse...

Allègre foi ministro de um governo socialista. Em vez de esquerda ou direita, porque não pôr em cena a possibilidade de consumir ideias feitas ou a de manter um cepticismo prudente? Não se negam as alterações climáticas. Contesta-se a campanha catastrofista, feita com fraude, com objectivos de duvidosa eficácia quanto ao clima, mas de tremendo impacto sobre a economia.