A realidade brinca connosco superando sempre a ficção. Num filme daqueles que agora se vêem em salas com cheiro a pipocas, com explosões em dolby digital, o acidente com o Tupolev polaco, em que morreram o Presidente e parte importante do governo, seria resultado de sinistras conspirações, narrativamente enoveladas até ao desfecho em que um herói sobrevivente desmascararia os culpados. Estão lá de borla os ingredientes todos: a história passada e as coincidências de datas e, é claro, as figuras a quem as conspirações assentam na perfeição.
Mas, tal como em inúmeros outros casos a que assistimos frequentemente, os "scripts" (fabricados para o cinema ou para mascarar factos inconvenientes) têm o defeito fatal de serem menos credíveis. À sua artificialidade sobrecarregada de excrescências inúteis, o real contrapõe o engenho onde as peças encaixam naturalmente.
Sabemos que houve três tentativas de aterragem anteriores. Sabemos que Kaczyński não era exactamente um tipo de bom feitio e podemos imaginar a ansiedade da delegação em comparecer na cerimónia. E sabe-se que em Agosto de 2008, outro piloto do avião de Kaczyński foi ameaçado de despedimento quando se recusava a aterrar em Tbilisi durante a guerra entre a Geórgia e a Rússia.
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