Depois da Accenture e da Gillette, a empresa de telecomunicações AT&T anuncia também a rescisão do contrato com Tiger Woods.
As empresas certamente não agem por considerações morais, porque não costumam tê-las, mas sim pelos resultados de sondagens sobre a aceitação pública da imagem que querem assumir. Esta história simples exibe dois aspectos interessantes do nosso património cultural que vale a pena notar: um, a elevada consideração que dispensamos ao casamento e ao compromisso monogâmico subjacente; outro, o tabu (surpreendente, sobretudo nos tempos que correm) que consiste em não aceitar que a nossa natureza é proclive à poligamia e à infidelidade.
O que sobra é positivo: que o amor monogâmico e fiel é uma coisa bonita, insusceptível mesmo, na ordem contemporânea das coisas, de troca por bens materiais. Paradoxalmente, é a imagem do amor fiel que tem valor de troca. A tal ponto que talvez quem a compre espere com ela apagar o rasto dos seus pecados e fraquezas, como a colaboração em gravações ilegais de comunicações telefónicas e internet ou a actividade persistente de suborno (lobbying, se preferirmos termos mais suaves). Que as escapadelas de Woods deitem por terra a sua utilidade branqueadora diz tudo sobre a gravidade da traição. Bígamos e devassos, arrepiem caminho enquanto é tempo. Ou então não se casem, se quiserem ser patrocinados por uma qualquer AT&T.
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1 comentário:
Belo post!
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