Ontem foi um dia memorável para os que se ocupam da burocracia da educação ao mais alto nível. Palmas para a nova ministra, que surge com imagem de quem negocia com flexibilidade e que no final dá conta do resultado na voz embaladora e arredondada de quem conta um conto. Palmas para aqueles homens que fazem o papel de representantes dos professores, por poderem dizer que a ministra cedeu, permitindo que os "bons" cheguem ao topo da carreira depois de 40 anos de exercício.
Sucesso sem grande custo imediato para uma e outros. Mas sem interesse nenhum para a qualidade do ensino e provavelmente com um impacto marginal para os professores: com o que já se sabe que é a vida nas escolas e com o que mais por aí se poderá arranjar, o fim virá antes do topo, porque poucos vão aguentar os tais 40 anos.
De um ponto de vista mais orwelliano e estruturalista, confirma-se após todo o processo que fica a perder a palavra "Bom". Independentemente de sabermos se a avaliação utilizará critérios adequados para atribuir as classificações, o que é certo é que "Bom" passará a significar "assim-assim", "menos mau", "sofrível". Isso é o que já sucede no âmbito mais restrito da classificação das unidades de investigação (onde, diga-se de passagem, os critérios correspondem a realidades mais nítidas do que no caso da avaliação de professores). Aí toda a gente interiorizou que um centro de investigação "Bom" é apenas uma cruz que a universidade tem de tolerar à espera de dias melhores.
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2 comentários:
O acordo tem a ver com o que se passará depois da avaliação, mas não com a própria avaliação. Como avaliar de modo justo, objectivo e exigente um professor? Como evitar o amiguismo e outras subjectividades dos avaliadores? Sobre isso não se falou.
O acordo dos sindicatos e o contentamento da maioria dos professores sugere que acham correcto que toda a gente tenha Bom, ou seja, que a avaliação que se prepara não seja uma avaliação a sério.
Bom para os salários e mau para a Ensino. Vamos perder mais uns anos nesta área. O preço vai ser elevado. A avaliação correcta e honesta dos professores e do seu esforço fica adiada para as calendas.
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