domingo, janeiro 3

AVATAR



Por muito desprezo que tenha pela carga de ideologia vulgar que o impregna e pela pobreza do argumento, por muito que o meu nariz tenha sido massacrado sob o peso dos óculos para 3D, e mesmo apesar de alguma dor de cabeça proveniente da profundidade do campo visual (a única que o filme comporta), seria uma piada fácil e desonesta dizer que este filme em relevo não é relevante. É-o, sem dúvida, porque a sua mensagem chega a muita gente. Chega, em particular, a muitas crianças - as mais indefesas diante deste brinquedo, esta stunning visual experience, como gostam de dizer os críticos.

À saída pensei: Cameron poderia ao menos ter ultrapassado o excessivo convencionalismo se no final tivesse deixado sobreviver o Jake humano e não o avatar, e se o amor de Jake e Neytiri tivesse persistido para lá da fronteira das espécies. Mas um minuto de reflexão mostra que isso seria impossível: poria em dúvida o profundo ódio que o filme destila a tudo o que é humano.

Fico por aqui, porque muito mais interessante do que qualquer coisa que eu pudesse acrescentar é a discussão gerada por yosoyhayek no La Libertad y la Ley.

4 comentários:

Jorge Salema disse...

É curioso como algumas almas viram em "Avatar" uma ode á defesa da propriedade privada. Incrivel! Tratava-se do usufruto de um planeta pelos seus indigenas, o que não significa direito de propriedade tal como no Ocidente industrial o consideramos. Os Na'vi são uma sociedade não industrial, pelo que não existe nehum direito à propriedade, ams tão só "laços" de pertença. Seja a Pandora seja com criaturas com as quais se estabelece uma simbiose. Taopouco existem aqui "direitos individuias," até porque seriam estranhos numa sociedade tribal como a que é retratada.

lino disse...

O autor do post ensaia de facto uma interpretação insustentável, contrariada e rebatida por muitos dos que comentaram.

Anónimo disse...

Que disparate...como é que alguém pode não ter gostado do "danças com estrunfes" :) (eu quase que adormeci - três horas da minha vida que jamais recuperarei)

Bad human! Bad!

omwo

Hugo Tavares disse...

o argumento de facto pareceu-me quase uma cópia do Danças com Lobos. Mas valeu a pena pelo 3D (que as legendas estragam um pouco)