domingo, março 15

Carmen, de Recife

O envolvimento do alto clero brasileiro no caso da menina violada, vindo gritar excomunhão alto e bom som, tem sido mais um bom pretexto para os ataques dos que que gostam de mostrar a Igreja tão perigosa como nos "tempos da Inquisição" (sempre invocados nestas ocasiões). Ainda hoje, num programa de conversa transmitido pela Antena 2, Pedro Almeida Vieira recitava essa conhecida audio-file (cassete já não soa bem nestes dias). Que não se admirava, vindo de uma organização que patrocinara os autos de fé. Que não tinha havido a a preocupação de excomungar o violador. E por aí.

É curioso como estas vozes lamentam a não aplicação a alguns de um "castigo" que abominam e ao qual não atribuem qualquer sentido. Como parecem ignorar que a Inquisição foi o que foi porque o poder político na Europa precisou de Roma durante muito tempo para se afirmar e dela tirou o partido que pôde. Que o cristianismo continha já os mecanismos que permitiram separar Igreja e estado. Que nas nossas sociedades muito laicas e civilizadas, quando ainda há anos o aborto era criminalizado, também nunca havia réus, mas apenas rés.

A Igreja é conduzida por um clero mal esclarecido e inculto, que muitas vezes nem se apercebe da superioridade da mensagem que devia sublinhar e defender, e frequentemente reduz a sua actuação à de uma burocracia acéfala.

Mas também certo é que a Igreja não se reduz a vozes incompetentes. O arcebispo Rino Fisichella insurgiu-se hoje no Osservatore Romano em termos muito claros contra a atitude da Igreja brasileira ao excomungar Carmen e os médicos.

Carmen doveva essere in primo luogo difesa, abbracciata, accarezzata con dolcezza per farle sentire che eravamo tutti con lei; tutti, senza distinzione alcuna. Prima di pensare alla scomunica era necessario e urgente salvaguardare la sua vita innocente e riportarla a un livello di umanità di cui noi uomini di Chiesa dovremmo essere esperti annunciatori e maestri. Così non è stato e, purtroppo, ne risente la credibilità del nostro insegnamento che appare agli occhi di tanti come insensibile, incomprensibile e privo di misericordia.

Carmen, stiamo dalla tua parte. Condividiamo con te la sofferenza che hai provato, vorremmo fare di tutto per restituirti la dignità di cui sei stata privata e l'amore di cui avrai ancora più bisogno. Sono altri che meritano la scomunica e il nostro perdono, non quanti ti hanno permesso di vivere e ti aiuteranno a recuperare la speranza e la fiducia. Nonostante la presenza del male e la cattiveria di molti.

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