quarta-feira, junho 4
Fascismo?
Tornou-se comum usar o substandjectivo "fascista" ou o substantivo "fascismo" como simples etiquetas depreciativas que aspiram a encontrar eco fácil e ampla adesão ao que se diz. Uma das espécies mais abundante na Terra, como se sabe, é a dos anti-fascistas. Eles afirmam-se e aumentam de forma exponencial sob acção dos mais inesperados estímulos. A mais recente manifestação do fenómeno, enre nós, é a declaração do Ministro da Ciência e do Ensino Superior ao classificar os comportamentos dos praxistas universitários. Francamente, acho que o uso da palavra é demagógico. Uns brutos, estúpidos, é o que eles são, simplesmente, mas contam com a conivência e até a aprovação de muita gente. Que tempo este em que é mais aceitável chamar a alguém fascista do que estúpido. Só pode ser por conveniência de alimentar o mito do papão útil. Fascismo é uma filosofia política. A triste e simples estupidez não se interessa por ela nem por outras.
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4 comentários:
Concordo que corremos o risco de banalizar a palavra "fascismo" através do seu uso pouco criterioso. Mas não há muitos contextos em que ela me pareça mais apropriada do que no que diz respeito a nomear e adjectivar as praxes e os praxistas, para ser sincero. Se pensarmos no significado da praxe, para lá das relativizações em moda e de operações cosméticas aqui e ali, a origem e a "verdade" da praxe é fascista em tudo quanto pressupõe a imposição dum sistema hierárquico violento e opressivo, a utilização do medo e do respeito como principal instrumento da sua manutenção, a sua profunda raíz sectarista, machista e xenófoba... até o seu folclore e iconografia. Aliás, a praxe não sobreviveu à Revolução de Abril e isso não foi "por acaso". E na década de 60, no Porto, por exemplo, segundo os meus pais, os alunos trajados eram normalmente os "bufos" da PIDE.
O ressurgimento da praxe, já em plena democracia, depois da massificação do ensino superior é, não só anacrónico e surpreendente, mas também um sinal das raízes profundas do fenómeno fascizante na estrutura mais ou menos apodrecida das nossas Universidades. Os princípios aplicados à praxe entre estudantes atravessam toda a estrutura da Academia Portuguesa e são um "cancro" contra o qual parece que temos muita dificuldades em combater.
Os praxistas têm comportamentos típicos de mentalidade fascista: concordo. Mas trata-se de um fascismo inorgânico, inconsciente, que me parece errado valorizar. O ressurgimento das praxes tem menos a ver com "raizes profundas do fenómeno fascizante" do que com a democratização do acesso á universidade, trazendo para denro dela as classes menos "cultas", com o seu "mau gosto" que tanto nos desagrada (a si e a mim). A mesma atracção pelo boçal que traz o Quim Barreiros às festas de estudantes. Fascismo? Não, eles nem sabem o que isso é. "Simples" grosseria em elevado grau.
Atenção: o Ministro falava de "praxes violentas".
Anónimo: mesmo que terminassem em homicídio, teriam que ser etiquetadas politicamente? Um homicida, por exemplo, é-o porque é fascista? Precisamos dessa explicação?
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