terça-feira, agosto 12
A prova e os erros
Há um aspecto que não tem sido suficientemente aprofundado quando se fala da prova dos professores: que quantidade de erros dados pelos examinandos se devem à não observação do chamado acordo ortográfico? Aqui as baterias da crítica deveriam ser apontadas ao Ministério, que pelos vistos impôs uma norma de escrita muito contestada por representantes prestigiados das classes cultas e por variados estratos da população com interesse na defesa da língua. Acho inadmissível que se tenha obrigado os professores a exprimir-se nessa linguagem simplificada, que tanto dano irá causar ao uso do português falado, e que é mais apropriada para a escrita de SMS.
Disto não falaram os protestantes sindicais. (Como também estiveram indiferentes à introdução e avanço do edu-burocratês e suas consequências, para as quais acordaram apenas quando a avaliação da professora Maria de Lurdes lhes caiu em cima -- provavelmente nem se aperceberam de que estava tudo ligado).
Ora a discussão em torno do "acordo" é uma matéria que faria todo o sentido tornar-se peça de resistência dos profissionais de ensino. Sobretudo quando a contagem dos erros depende da versão que se convenciona utilizar. Vigora uma imposição que não tem por detrás acordo nenhum, que tem interesse mais do que duvidoso, que vai tornar a língua mais feia e danificar a oralidade em Portugal, criando a médio prazo uma bolha de homófonas (receção vai soar como recessão dentro de pouco tempo, não acreditam?). A decência mínima seria permitir também o uso do português anterior ao “acordo”.
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1 comentário:
Não se pode concordar. Persiste a ideia que vê o cumprimento da lei como opcional. Não é. A lei é naturalmente injuntiva. Não faria sentido se o Estado não forçasse a aplicação das suas próprias leis. O Acordo Ortográfico é uma Lei, não é uma ideia defendida num jornal. Podemos discordar e combatê-la? Sim. Pode o Estado não a cumprir? Não. Podem os professores não cumprir? Não.
Há coisas simples e absolutamente indiscutíveis na sociedade liberal, uma delas é que a Lei é para cumprir.
Sou contra o acordo, mas não acho que a lingua resultante dele fique "simplificada" fica é mais longe da raiz latina o que é um dano e dificulta a etimologia. O Português escrito no Brasil é veiculo de boa cultura e não, Machado de Assis não escrevia SMS.
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